O professor Francisco Islau Nunes da Silva, 55, acusado de fraudar diplomas universitários e foragido da Justiça, ofereceu cursos livres, no Estado, por mais de dez anos. A Polícia Civil investiga se ele fez mais vítimas, além das 17 pessoas que cursaram Pedagogia no Município de Palhano por quatro anos e receberam certificados de conclusão de curso falsos.
A Operação Atena (em referência à deusa da sabedoria), deflagrada no dia 03 de Outubro, não localizou Francisco Islau, mas prendeu preventivamente um suposto comparsa, o professor Daniel Belarmino Martins, 31, em uma residência no bairro Canindezinho, em Fortaleza - onde também foi cumprido um mandado de busca e apreensão. Na Faculdade Excelência (Faex), sediada em Maranguape, foi cumprido o outro mandado de busca e apreensão. Os alvos da ofensiva policial não atenderam às ligações ou não foram localizados pela reportagem.
"O crime se perpetuava da seguinte forma: a instituição de Ensino Superior captava alunos para seus cursos, que se matriculavam de boa-fé, exercitavam seus cursos e, no fim, os diplomas eram expedidos de forma fraudulenta, buscando a chancela (validação) dessa graduação em outras instituições de ensino", resumiu o delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Rattacaso.
Segundo informações do titular da Delegacia Regional de Russas, delegado Thalles Lima, o suspeito Francisco Islau - que também era professor da rede municipal de Aracati - ofertava os cursos livres em parceria com faculdades regularizadas pelo Ministério da Educação (MEC), em cidades como Aracati, Palhano e Russas. Os alunos de uma turma de Pedagogia, que se formaram no início de 2018, em Palhano, perceberam que os diplomas tinham informações incoerentes e procuraram a Polícia, há cinco meses.
O curso era ligado à Faex e o diploma dos 17 estudantes foi supostamente chancelado pela Universidade Estadual de Alagoas (Uneal). Entretanto, ao entrar em contato, a Delegacia descobriu que a Universidade não chancelou o curso.
Os investigadores realizaram buscas na residência do professor Islau, em Aracati, há dois meses, quando apreenderam diplomas falsos, outros documentos e dinheiro. E chegaram ao nome de Daniel Belarmino, professor da rede municipal de Maranguape, que seria o elo entre Islau e a Faculdade Excelência no esquema criminoso. O proprietário da instituição de ensino também é investigado e já foi intimado a prestar depoimento.
A mensalidade do curso de Pedagogia custava cerca de R$ 150, o que significa um prejuízo de aproximadamente R$ 7,2 mil para cada aluno - ou um total de R$ 122,4 mil para a turma. "Essas pessoas passaram quatro anos cursando, assistindo aula três vezes por semana, em Palhano. São pessoas humildes, que tinham um sonho de se formar. Após receber o diploma, algumas dessas pessoas conseguiram até empregos de professores e, quando foi constatada a falsificação do diploma, perderam o emprego. É uma situação muito constrangedora", lamenta Thalles Lima.
Investigações
Francisco Islau - que já respondia por estelionato - e Daniel Belarmino irão responder pelos crimes de falsificação de documento público e estelionato. A Delegacia de Russas instaurou também outro inquérito para investigar a autenticidade de um curso de pós-graduação, também ofertado por Islau.
Conforme a Polícia Civil, o professor pode ter feito mais vítimas, em dez anos que ofertava os cursos livres pelo interior do Estado. "O Inquérito Policial está trabalhando em um caso específico (o curso de Pedagogia). Nesse caso, a gente pode ter certeza de que as pessoas foram enganadas. As outras situações anteriores vão ter que ser investigadas", afirma o delegado.