Sob a suspeita de extorsão mediante ameaça de morte, foi preso, na manhã de ontem, o policial rodoviário federal aposentado José Gladstone Arraes, 73. Conforme a Polícia Civil, o inspetor da PRF-CE havia emprestado R$ 150 mil a um 'conhecido' dele e estava cobrando da vítima um total de R$ 1,2 milhão com o acréscimo de juros.
De acordo com as investigações, o empréstimo aconteceu no ano de 2015. De lá para cá a vítima chegou a pagar R$ 240 mil. No entanto, o policial não se deu por satisfeito com o montante recebido e permaneceu cobrando novos depósitos.
O titular do 2ºDP (Aldeota), delegado Dionísio Amaral, conta que a vítima (identidade preservada), não estava mais conseguindo pagar os juros impostos por Arraes. "Ele cobrava 15% de juros em cima dos juros. Nisso o valor já tinha passado de R$ 1 milhão", disse o delegado.
Amaral conta que com as ameaças constantes, o suposto devedor procurou as autoridades e contou sobre a extorsão sofrida por parte do policial. "A vítima disse que foi ameaçada pessoalmente e através de familiares. Gladstone teria até ameaçado a filha dele, de 13 anos. Chegou na adolescente e disse que ia matar toda a família caso o pai não pagasse o dinheiro".
Encontro
Ontem, a vítima e o agiota haviam tido um encontro. Conforme a Polícia, a tentativa era que Arraes revisse a situação e parasse com as ameaças. Já avisada, a equipe de policiais efetuou a prisão do suspeito em flagrante, quando ele fez ameaças que configuraram o crime de extorsão.
Para os policiais civis, o suspeito contou uma versão diferente dos fatos. O policial rodoviário federal nega o crime de extorsão. Segundo ele, os R$ 150 mil foram dados quando a vítima o convidou para ser sócio na abertura de uma empresa.
"Ele diz que fez um aporte desse valor para investir. Depois, entrou na gestão da empresa e quando viu que não era lucrativa quis exigir o dinheiro de volta. Ainda vamos fazer uma pesquisa se ele emprestava dinheiro a outras pessoas e se vinha ameaçando elas também", disse o titular do 2º DP.
Homicídio
As investigações preliminares mostram que o suspeito planejava concretizar o homicídio. Desde o início do ano, Gladstone registrava Boletins de Ocorrência contra a vítima em diversas delegacias da Capital. A ideia era que, caso cometesse a morte, poderia alegar legítima defesa, conforme revelou a Polícia. "Ele forjava supostas ameaças. Temos uma gravação dele contando para a vítima sobre esses B.O.S. Não se sabe de onde vinha o dinheiro dele, vamos fazer uma investigação de movimentação financeira", disse Amaral.
Sobre a ficha criminal do suspeito, Dionísio Amaral acrescenta que ele responde por um homicídio e foi investigado pela Polícia Federal, durante a 'Operação Fidúcia', que fraudou a Caixa Econômica. "Sabemos que ele havia sido condenado por um homicídio e tinha passagem por posse irregular de arma de fogo. Na 'Operação Fidúcia' teve condução coercitiva para ele", disse o delegado. A PRF-CE foi procurada e informou que ainda não havia recebido nenhuma comunicação oficial da prisão do inspetor aposentado.
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