O assunto da iminência de um colapso de abastecimento d’água parece não ter ainda preocupado o suficiente os cidadãos de Quixadá e Quixeramobim, dado que não se vê nenhum tipo de debate mais sério sobre a questão, quer promovido pelas nossas instituições responsáveis, quer pelas massas opinantes nas redes sociais.
Pior ainda, não se vê por parte dos poderes públicos qualquer campanha significativa em prol do uso econômico e responsável do pouco volume disponível no nosso reservatório, o Açude Pedras Brancas. De modo geral, praticamente todo mundo continua gastando água como se tudo estivesse em perfeita normalidade. O comportamento é, para se dizer o mínimo, irresponsável.
Repito aqui o que antes já disse em outra oportunidade: quando defendeu a instalação de uma adutora para socorrer Quixeramobim a partir do açude Pedras Brancas, a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) calculava que, em fevereiro de 2017, o reservatório ainda estaria com quase 12% do seu volume total, mesmo com a adutora instalada. Erraram feio.
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O mês de dezembro mal começou e o Portal Hidrológico do Ceará está mostrando que o Pedras Brancas já está quase entrando na casa dos 6% do seu volume total. É preocupante. Se não houver reposição de volume urgentemente, através de chuvas, estas duas cidades do Sertão Central poderão entrar em colapso de abastecimento já nos próximos meses.
É bom lembrarmos que a água das camadas mais inferiores dos reservatórios não são, de modo geral, sadias para consumo humano, o que aumenta ainda mais a preocupação com a situação do Pedras Brancas.
Considero a decisão de abastecer Quixeramobim a partir do Pedras Brancas, tomada pelo Governador Camilo Santana, correta, dado que se tratava de uma situação emergencial. O erro, porém, foi tomá-la sem planejar medidas adicionais de socorro caso a estiagem se prolongasse tanto quanto a estamos vendo se prolongar.
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Se não chover logo por aqui, as duas principais cidades do Sertão Central se verão em inquietação total com a falta d’água. Racionamento e conscientização sobre o assunto, portanto, são medidas para ontem. Mas a Cogerh parece se comportar como aquele piloto do avião da tragédia com a Chapecoense, que abasteceu a aeronave no limite do limite para a viagem, sem nenhuma quantidade reserva para eventual emergência, acreditando que tudo ia dar certo. Aqui a situação é semelhante. Na aposta de que vai chover antes que a última gota siga pelas tubulações, a Cogerh parece deixar a coisa correr solta. Melhor para o governador que, assim, não sofre a crise das cobranças ou desgaste algum junto ao povo.
Fonte .monolitospost