Enquanto 55 pessoas tinham sido vítimas desse crime no Estado até 15 de novembro de 2015, igual período de 2016 já teve 74 ocorrências registradas pela Polícia. Os dados estão dispostos no site da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS-CE).
>>Suspeito de matar delegado é capturado
O delegado da Polícia Civil Audizio Ferreira Santiago, 54, foi a última vítima de latrocínio por arma de fogo no Ceará. Além de Audizio, outros três homens foram mortos após serem assaltados no Ceará, no mês de novembro deste ano. No último dia 12, Gilmar de Almeida Queiroz, de idade não identificada, foi morto em Horizonte. No dia 8, a vítima de latrocínio foi José William Silva, 47, na cidade de Marco. Daniel Cardoso da Silva, 39, também foi morto após ser assaltado em Viçosa do Ceará, no dia 5 deste mês.
Em média, o Estado registra pouco mais que seis latrocínios por mês. Dentre os 74 crimes ocorridos, 71 foram praticados com armas de fogo.
Delegado
A morte do delegado Audizio Santiago causou grande repercussão. Ele foi morto por um tiro no olho esquerdo, ao reagir a um assalto na Rua Noruega, no bairro Maraponga, anteontem, enquanto voltava da igreja com a família. De acordo com testemunhas e imagens de câmeras de monitoramento da região, um casal em uma motocicleta realizou o assalto que terminou de forma trágica. O homem suspeito, que disparou o tiro fatal contra o delegado, foi identificado e localizado pela Polícia, ontem (ver matéria coordenada).
Outro caso de latrocínio que repercutiu neste ano foi a morte do juiz aposentado Edvalson Florêncio Marques Batista, 77, no dia 8 de março, na Praça Pedro Felipe Borges (mais conhecida como Praça Oficina do Senhor). Ele foi morto ao ser abordado por uma dupla e um terceiro suspeito estava dando cobertura à ação criminosa a pé.
A dupla tomou o colar da mulher de Edvalson Batista e pediu a chave do carro dele. O juiz levou um tiro na perna, que atingiu a artéria femural, e morreu no local. Os suspeitos conseguiram fugir, mas um deles, um adolescente, foi apreendido no mesmo dia, na Favela do Pau Finim.
Registro diferente
O número de latrocínios ocorridos no Estado pode ser ainda maior. Além do delegado Audízio Santiago, outro agente de segurança foi vítima de latrocínio na Capital, neste mês de novembro. O policial rodoviário federal aposentado Leomar Saraiva de Aquino, 73, reagiu a uma tentativa de assalto na sua residência, no bairro Jangurussu, e acabou morto. Entretanto, a ocorrência foi catalogada nas estatísticas da SSPDS como 'homicídio doloso'.
Outro caso de latrocínio não notificado aconteceu em 17 de outubro. O comerciante português Nuno Antônio Torres, 39, foi morto por arma de fogo após reagir a um assalto na loja de relógios importados de propriedade do sogro.
Sensação de impunidade
Por meio da Assessoria de Comunicação, a SSPDS afirmou que "o aumento de 36,54% nos números de latrocínio, se comparados os 52 casos registrados de janeiro a outubro de 2015 com as 71 vítimas no mesmo período em 2016, é preocupante". A Secretaria credita o aumento desses tipos de crimes à legislação penal ultrapassada, que gera a sensação de impunidade.
Conforme a Pasta, "os latrocínios acompanham o crescimento dos Crimes Violentos Contra o Patrimônio (CVP), o que tem demandado atenção dos órgãos de segurança". A Secretaria informou que dados obtidos no Sistema de Informação Policial (SIP) apontam que das 26,9 mil prisões em flagrante, registradas no Ceará, em 2015, 22,5 mil eram de pessoas detidas pela 2ª a 5ª vez, o que representa 83,8% do total. Outras 458 haviam sido presos mais de cinco vezes (1,7% do total); e 3,9 mil foram autuados pela primeira vez (14,5% do montante).
As apreensões de adolescentes seguiram percentuais próximos aos dos maiores. De mais de 9 mil menores apreendidos em 2015 no Estado, 7,4 mil (82,6% do total) haviam sido detidos pela segunda, terceira, quarta ou quinta vez; 130 foram autuados mais de cinco vezes (1,4%); e 1.446, pela primeira vez (16% do total).
Fonte diário do nordeste
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