Ao mesmo tempo em que a obra avança no ceará, os trabalhos da Transposição ainda estão parados
Iguatu. O Ministério da Integração Nacional (MI) anunciou a liberação de mais R$ 14,4 milhões para o projeto Cinturão das Águas do Ceará (CAC), no Trecho 1, entre os municípios de Jati e Cariús. A liberação da verba ocorreu no último 14 e assegura a continuidade dos serviços de engenharia. A obra é considerada importante para ampliar a transferência do recurso hídrico oriundo do Rio São Francisco para o Interior do Ceará.
ConvênioA informação foi publicada no Portal da Transparência e refere-se ao Convênio Nº 669882 do CAC – Primeira Etapa entre Jati e Cariús, firmado entre o Ministério da Integração Nacional e o Estado do Ceará. O valor total é de R$ 1,6 bilhão.
Para o próximo ano, o governo federal anunciou que vai liberar R$ 250 milhões para o CAC, mas o governo do Estado reivindica um acréscimo de R$ 150 milhões. Há três semanas, foram liberados R$ 30 milhões para o CAC, por meio do MI. A obra está estimada em R$ 2,08 bilhões.
O lote I está com 49% dos serviços executados; o II tem 23%; o III está com 19%; o IV, 4%; e o V, que corresponde aos túneis, atingiu 51% do cronograma. A conclusão da obra vai depender do repasse de recursos do governo federal. O primeiro trecho, de 32Km, poderá ser entregue em dezembro próximo.
As águas do São Francisco vão chegar ao Castanhão, independentemente do CAC, pois seguirão o curso natural de riachos, do Rio Salgado e do Rio Jaguaribe, conforme o titular da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Francisco Teixeira.
O Estado vivencia uma situação gravíssima de perda das reservas hídricas nos açudes no Interior. Segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o volume médio acumulado nas 12 bacias hidrográficas é de apenas 8,2%. O Açude Castanhão, o maior do Ceará, e responsável pelo abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), registra apenas 5,9%, e o Orós, 19,5%.
Desde setembro o Açude Orós transfere água, pelo Rio Jaguaribe, para o Açude Castanhão e de lá até a RMF. Foi uma reserva preservada para mais uma vez assegurar o abastecimento da Capital e de municípios vizinhos. Até dezembro vindouro o nível do Orós deve cair para 9%, mantendo o do Castanhão.
CAC E Orós
Sem as obras do CAC, as águas do São Francisco não chegariam ao Orós, que barra o Rio Jaguaribe. Seguiriam o curso natural do Rio Salgado a partir do Riacho dos Porcos, em Jati, até o Castanhão. O Rio Salgado é afluente do Jaguaribe, no município de Icó, ou seja, abaixo do Açude Orós.
A liberação de R$ 30 milhões e de mais R$ 14 milhões assegura a continuidade da construção da primeira etapa do CAC, que no futuro vai beneficiar municípios da região do Cariri e do Centro-Sul cearense. O primeiro trecho é de 146Km, entre Jati e Nova Olinda. O ritmo das obras tem sido lento e já houve até suspensão dos serviços.
A interrupção das obras da transposição das águas do São Francisco ocorreu no trecho que era de responsabilidade da Construtora Mendes Júnior, que abandonou o serviço. A expectativa agora é que se leve mais um ano para a conclusão do projeto que é tão necessário para os Estados beneficiados. A crise hídrica a cada mês se agrava mais.
O trecho suspenso é exatamente o que vai transferir água para o Ceará a partir de Cabrobó (PE), chegando a Jati, no Ceará, no Riacho dos Porcos. Não se sabe agora quando as obras de transferência do Velho Chico serão concluídas.
por Honório Barbosa - Colaborador do DN
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