Arroz, feijão, farinha, carne e salada são alimentos básicos que estão diariamente na mesa dos fortalezenses. Porém, a aquisição destes produtos está cada vez mais pesando no bolso do consumidor. Nos sete primeiros meses deste ano, o conjunto dos 12 alimentos que compõem a cesta básica na Capital cearense registrou um aumento de 18,70%, a maior alta do País, empatada com a cidade de Salvador. Já no mês de julho, Fortaleza contabilizou a segunda maior elevação, com inflação de 2,28%, mostrando que o trabalhador está com o salário cada vez mais corroído pela inflação. É o que revela o levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
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Mais uma vez, o tomate foi o vilão da Ração Essencial Mínima (REM). No mês passado, o aumento do item foi de 7,11%, enquanto no semestre, o número surpreende ainda mais, com inflação de 79,25%. O economista do Dieese, Gilvan Farias comenta que nos últimos dois meses houve menos oferta do produto na Capital cearense, o que fez o preço subir. "A plantação de tomate foi afetada por uma praga e por isso teve uma grande perda da produção. A falta de chuva também contribuiu para a escassez do produto", explica. O valor médio do alimento é de R$ 5,27.
Outros impactos
A carne, o feijão e o leite também influenciaram o impacto no bolso do consumidor, com inflação frente ao mês anterior de 2,43%, 1,86% e 1,39%, respectivamente. Farias ressalta que o aumento do feijão e do leite foi motivado pela entressafra, isso é, período de intermédio entre uma safra e outra. Já a elevação da carne é justificada pelo economista, devido à grande exportação do produto, diminuindo a oferta em Fortaleza. O preço médio da carne é de R$ 22,35 o quilo, enquanto que o do feijão é de R$ 4,38. O estudo aponta o preço médio de seis litros de leite por R$ 17,46.
A variação semestral da cesta básica em Fortaleza foi de 15,17%, enquanto que a anual registrou inflação de 15,89%. O arroz foi o alimento que teve a maior queda no preço em julho, com decréscimo de 1,08%, seguido da farinha e do óleo com redução de 1,08% e 0,91%.
A pressão sobre os preços fez com que uma pessoa, para adquirir o conjunto de produtos da alimentação básica tivesse que desembolsar R$ 332,82. Considerando o valor e, tomando como base o salário mínimo vigente no País (R$ 788), o trabalhador teve que desprender 92h55 de sua jornada de trabalho mensal para essa finalidade.
"O trabalhador é prejudicado diretamente com essa elevação. Hoje, a gente destina 45% do salário mínimo somente para alimentação, mas ainda há gastos com saúde, moradia, transporte, educação e lazer. O salário mínimo não é o ideal para suprir todas as necessidades", afirma Gilvan Farias. Segundo o levantamento, em julho de 2015, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 3.325,37, ou 4,22 vezes mais do que o mínimo atual.
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