Deflagrada em todo o Brasil na última sexta-feira (24), a Operação Cronos (tempo, em grego) levou à captura de 95 pessoas no Ceará, em razão do cumprimento de mandados de prisão por diversos crimes de detenções realizadas em flagrante. Desse total, 68 suspeitos foram presos por homicídios. Segundo a Polícia Civil, com esse resultado, o Estado ficou na liderança do País em número de detenções, à frente de unidades com efetivos policiais maiores, como São Paulo e Rio de Janeiro.
Além dos homicídios, os motivos mais comuns para os mandados de prisão em território cearense foram latrocínios, roubos e tráfico de drogas. Um homem também foi detido por violência doméstica.
Três pessoas foram autuadas em flagrante. Dois adolescentes foram apreendidos. A maior parte das capturas ocorreu na Capital e na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Apesar do foco nacional em feminicídio, não houve nenhuma prisão por esse crime no Ceará, durante a Operação. Isso porque, segundo a delegada Rena Gomes, diretora do Departamento de Polícia Especializada de Grupo Vulnerável, o Estado adota uma política de prisão "quase imediata" de feminicidas. Os suspeitos que estão foragidos pelo crime tiveram os mandados de prisão atualizados e seguem sendo investigados e procurados.
"Esse é um crime muito gravoso porque, geralmente, vem com requintes de crueldade. É importante essa responsabilização. Apesar dos nossos esforços, em todos os Estados os casos vêm aumentando muito, em razão da falta de desconstrução da cultura machista", lamenta a delegada. Em todo o Brasil, a Operação cumpriu 42 mandados pelo homicídio qualificado quando a vítima é morta por ser mulher.
No Ceará, foram empregados 462 agentes de segurança em 150 viaturas. A Operação contou com a participação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), do Departamento Técnico Operacional (DTO), das delegacias de Defesa da Mulher (DDMs), do Departamento de Inteligência Policial (DIP) e da Unidade Tático Operacional (UTO).
Tempo
De acordo com a Polícia Civil, 'Cronos' se refere ao tempo de vida tirado das vítimas. Para o chefe de gabinete do órgão, delegado Sérgio Pereira, a Operação funcionou como medida preventiva para evitar o cometimento de novos homicídios. "Conseguimos reduzir aquela sensação de impunidade do infrator ter cometido um crime e continuar em liberdade. A gente precisava dar uma resposta efetiva aos familiares dessas vítimas", ressalta.
O diretor-adjunto do DHPP, delegado George Monteiro, explica que os mandados de prisão que estavam em aberto foram selecionados previamente e, então, distribuídos para as equipes policiais em todo o Estado. No entanto, a Polícia não divulgou o nome dos presos.
Segundo o diretor do DTO, delegado Eduardo Tomé, a relação dos homicídios com a atuação de facções criminosas vai ser investigada: "Pela experiência que temos, sabemos que vários homicídios têm relação com o tráfico de drogas e a guerra de facções criminosas".
A 'Cronos' foi uma iniciativa do Ministério da Segurança Pública, em resposta ao Encontro Nacional de Chefes de Polícia Civil. A deflagração da Operação em agosto se deu em alusão ao aniversário de 12 anos da Lei Maria da Penha. Em todo o País, foram cumpridos 2.627 mandados de prisão e 341 adolescentes foram apreendidos.
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