Quatorze veículos queimados em três dias de ataques em Fortaleza

Quatorze ônibus queimados, e oito prédios públicos e privados foram atacados, Na capital cearense e Região Metropolitana, nos últimos três dias. A sequência de ataques contra coletivos e prédios já dura três dias. Pelo menos 14 ônibus e 8 imóveis foram alvo das ações criminosas, entre a noite de sexta-feira (27) e 22h de ontem. 

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), a sequência de ocorrências acontece em represália à morte de três criminosos, durante um confronto com a Polícia Civil. Um traficante do Conjunto Alvorada teria dado a ordem para os ataques serem deflagrados.

Conforme um policial lotado em uma célula de Inteligência da SSPDS, o criminoso ligado ao Comando Vermelho, que comanda o Conjunto Alvorada, e está preso, seria próximo de Valcinei Nobre dos Santos, o ‘Gangão’; José Sílvio dos Santos Vieira, o ‘Silveira’; e Francisco Adriano Martins da Silva, o ‘Macumbeiro’, que tombaram mortos em um tiroteio, na zona rural de Amontada, na quinta-feira (26).

“Os criminosos mortos eram membros do Comando Vermelho e agiam no Bom Jardim e na Comunidade da Rosalina. Eram amigos do traficante do Alvorada. Quando houve o confronto, a Secretaria (SSPDS) deslocou equipes para os pontos onde o CV é predominante, para o caso de represálias, mas a ordem veio de dentro do presídio”, afirmou. 

veículos queimados
O policial ressalta que há uma tentativa de tornar a cidade caótica e de amedrontar a população, com a impressão de que a Segurança Pública não está conseguindo frear os ataques. “Ontem, no mesmo horário, durante a noite, começaram os ataques. Tudo na mesma hora exatamente para tentar deixar a Polícia atordoada, para dispersar as atenções”, explicou. 

Os ataques simultâneos a que o investigador se refere aconteceram, por volta das 20h30. Um ônibus foi atacado com 11 disparos, e a fachada do posto da Secretaria da Fazenda (Sefaz), instalada na BR-222, em Caucaia, foi atingida pelos tiros; e um coletivo foi incendiado, na Avenida Vital Brasil, no Bonsucesso.

Depois que as chamas foram apagadas pelos Bombeiros, crianças entraram na carcaça do veículo para brincar. 

Prisão 

O titular da SSPDS, André Costa, confirmou que os atentados foram cometidos em retaliação à morte de criminosos. “Pelo fato de terem um grau de importância no grupo, houve essas reações”, pontuou. 

Três pessoas suspeitas dos incêndios foram autuadas, segundo ele. O primeiro a ser detido foi um homem identificado como Gean Patrick Aguiar Lima, 19. Durante a abordagem, no bairro Vila Ellery, os policiais encontraram com o jovem um galão com gasolina. 

Em seguida, Pedro Henrique Mesquita de Sousa, 27, foi localizado na casa dele, no bairro Cristo Redentor, onde foi encontrada uma escopeta, de fabricação artesanal. Oderison dos Anjos Oliveira, 19, também é suspeito de envolvimento nos crimes. Ele foi detido ao infringir o perímetro permitido pelo uso de tornozeleira eletrônica, na Sapiranga.

Esta é a segunda sequência de atentados ocorrida no Ceará, somente neste ano. Em março de 2018, aconteceram 21 registros de ações criminosas, após o anúncio da instalação de bloqueadores de sinal nas unidades prisionais. De 2015 até agora, foram registradas quatro ondas de ataques. Em todas, as investigações posteriores apontaram a participação de detentos.

“As lideranças das facções estão identificadas no Ceará. Dentro do presídio todo mundo sabe quem é quem. Eles se estabelecem por exercerem poder sobre os outros detentos. Esse poder extrapola a muralha e chega às ruas. A influência que esses criminosos têm nos lugares onde foram presos é grande e torna o Sistema Carcerário completamente inoperante. É preciso tirar essas pessoas daqui e enviá-las para presídios federais”, disse o policial da Inteligência. 

PM morto 

Um subtenente da Reserva Remunerada da PM, identificado como Juciano de Lima Barbosa, 53 anos, foi assassinado a tiros, ontem, em um bar próximo à residência dele, na bairro Vila Peri. Dois homens em uma moto chegaram ao local, abordaram o militar e dispararam cerca de oito tiros nas costas da vítima. 

Um militar, que atua na área em que o sargento foi morto, afirmou que na Corporação existe um clima de tristeza, mas também de temor. “Agentes penitenciários já foram vítimas, e não duvidamos que esse colega também tenha sido alvo de algo orquestrado”. A SSPDS informou que a motivação da morte está sendo apurada.

Fonte DN