O período principal da estação chuvosa no Ceará ocorreu entre fevereiro e maio. Porém, mesmo com as precipitações observadas no período, o nível dos reservatórios de abastecimento de água permanecem críticos ao norte da Região Nordeste, onde o Estado se situa, como aponta o Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Segundo as projeções do órgão, no início de 2018, o volume armazenado nos açudes cearenses pode cair dos atuais 12% para 7%, ainda que as chuvas ocorram dentro da normalidade no decorrer de 2017.
O açude Castanhão, em Alto Santo, principal abastecedor de Fortaleza e da Região Metropolitana, também será afetado. Atualmente, ele está com apenas 5,26% da capacidade preenchida, segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). As projeções do Grupo indicam que o volume do reservatório pode chegar a 3% na próxima quadra invernosa. Segundo o estudo, a intensidade da seca já perdura por, pelo menos, 21 meses consecutivos em áreas do centro do Ceará e de Pernambuco, e deve permanecer severa ao leste da região semiárida, com perspectivas de não recuperação da agricultura nas áreas impactadas.
A previsão climática se baseia na análise diagnóstica das condições oceânicas e atmosféricas globais e em previsões numéricas de modelos estatísticos.
Conforme a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a quadra chuvosa de 2017 registrou precipitações em torno da média histórica. Durante o período, foram registrados 554,5 mm de chuvas; a média se situa entre 505,6 mm e 695,8 mm. O mês mais chuvoso foi fevereiro, com 32,6% de desvio positivo, seguido de março, com pequeno desvio positivo de 1,2%. O mês de abril apresentou desvio negativo (-38,4%), assim como maio (-26,7%).
Julho
Em junho, também foi verificado desvio negativo: -37,7%. Contudo, em apenas três dias, julho já superou a normal climatológica para o mês em 121,6%. A média, de 15.4 milímetros, passou para 34.1 mm. Em julho do ano passado, foi observado apenas 1.0 mm de chuvas durante os 31 dias do mês, um desvio negativo 93,2%. Em 2015, a normal climatológica do mês também foi superada, com precipitações acumuladas de 36 mm, desvio positivo de 137,5%.
A Funceme afirma que os sistemas meteorológicos que normalmente atuam para favorecer as chuvas no Estado, nesse período, são classificadas como "Ondas de Leste", responsáveis pelas estações chuvosas no Rio Grande do Norte, na Paraíba e em Pernambuco. O volume registrado em julho ainda pode variar, pois carece de dados de outros postos do Estado.
Porém, como grande parte dos locais não deve registrar chuva, há indicação de que a média mensal será puxada para baixo. A Funceme reforça que as previsões sugerem redução das chuvas, pois o fenômeno Cavado de Altos Níveis se dissipou. Segundo o órgão, apesar do impacto nos primeiros dias do mês, o volume registrado não deve interferir no aporte hídrico dos açudes do Ceará.
Previsão
O crescente de chuvas ocorre desde 29 de junho, quando choveu em nove cidades cearenses. Já no dia 30, o número subiu para 47, com a maior precipitação registrada no município de Porteiras, onde caíram 23 mm. No dia 1º de julho, as chuvas banharam 50 cidades do Estado. As maiores delas ocorreram em Jaguaretama e Jaguaribe, com 63 mm cada. No domingo (2), 63 municípios cearenses tiveram precipitações. A maior precipitação ocorreu na cidade de Granja, onde choveu 144 mm. (Colaborou Nícolas Paulino) Leia mais no Regional Fonte DN
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