Agentes penitenciários descobriram, na tarde de sexta-feira (16), mais três túneis na Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor José Jucá Neto (CPPL III), localizada no Complexo Penitenciário Itaitinga II, na Região Metropolitana de Fortaleza. Os registros de túneis e de fugas na penitenciária, que abriga membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), têm sido recorrentes, neste ano.
De acordo com a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado do Ceará (Sejus-CE), não houve fugas. A descoberta das escavações aconteceram durante a tarde. Um dos túneis, localizado na Rua E da CPPL III, supostamente utilizado para uma próxima fuga, já estava com saída aberta para a brita, bem próximo da parte externa da penitenciária. Foi solicitado apoio de outros agentes para fechar os buracos.
Vulnerável
Somente em 2017, 89 presos já escaparam da CPPL III. A última fuga foi registrada há menos de uma semana. No último dia 10, fugiram 21 presos da unidade e seis foram resgatados. Dentre os foragidos estão criminosos perigosos, apontados como autores de dezenas de homicídios e assaltos a banco.
Desde a sequência de rebeliões ocorridas em maio do ano passado, em que as unidades prisionais do Complexo Penitenciário Itaitinga II foram destruídas, a CPPL III nunca foi totalmente recuperada. Desde então, os presos permanecem custodiados dentro das ruas e não dentro das celas, como acontece nas outras unidades. Apenas as CPPLs II e III não passaram pelas reformas para que as celas fossem fechadas. Por conta das facilidades encontradas pelos detentos em transitar pelo prédio, vários túneis já foram localizados e de uma só vez escaparam 44 presos. Destes, somente 13 foram recapturados pela PM.
Servidores da Sejus reforçam a situação de vulnerabilidade da unidade prisional. "Ficar na III é como receber um castigo. A gente nunca sabe quando vai ter fuga, rebelião. Lidamos com membros muito perigosos do PCC. Tem plantão com equipe de oito agentes penitenciários que têm que dar conta de mais de mil presos. As condições de trabalho estão cada vez mais insalubres", disse um agente penitenciário, que optou por não se identificar.
População carcerária
A Sejus informou que no mês de maio último foi registrado o maior número de detentos no Sistema Penitenciário, em toda a história do Estado. A população carcerária se aproxima das 26 mil pessoas. Na CPPL III, a capacidade é para 944 internos, mas há, pelo menos, 1.355.
O excedente de 411 pessoas mostra que na unidade há 43,5% de superlotação. Segundo a secretária de Justiça, Socorro França, é gasto de R$ 1.500 a R$ 1.800 com cada preso mantido pelo Estado, atualmente. Ou seja, a cada mês, são gastos, pelo menos, R$ 2 milhões somente na Casa de Privação Provisória de Liberdade III.
No intuito de amenizar o cenário caótico nas prisões, a Pasta prevê que ainda neste ano devem ser entregues 502 vagas nas cadeias femininas e outras 600 vagas masculinas.
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