Cerca de 120 pessoas aguardam atendimento em corredor do HGF
O cenário lembra um hospital de um país em guerra ou atingido por algum desastre. Mas no Hospital Geral de Fortaleza, a tragédia é diária. A câmera percorre vários corredores da unidade onde é possível ver macas por todos os lados. Os acompanhantes aguardam em pé ou em cadeiras de plástico. As imagens foram registradas esta semana. Segundo o denunciante, que teve a identidade preservada, neste dia, existiam 120 pacientes amontoados nos corredores do HGF e apenas três médicos se revezando no atendimento de toda essa gente.
A fila de macas nos corredores existe há, pelo menos, dois anos mas nos últimos meses têm ganhado proporções nunca antes vistas. “Agora tem maca nos dois lados do corredor. Tem gente em frente ao registro de ponto, ao lado do caixa eletrônico. É um verdadeiro caos”, diz Mayra Pinheiro, presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará.
No último final de semana, a família de um paciente se revoltou com a situação e retirou o idoso do hospital. O homem só conseguiu atendimento na segunda-feira (20), mas não resistiu e faleceu nesta quarta-feira (23). O idoso, que tinha hipertensão e diabetes, apresentou complicações no estado de saúde.
A dona de casa Maria Inês está prestes a fazer o mesmo com a mãe que está internada no corredor da unidade após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC), além de apresentar quadro de pneumonia e insuficiência renal. “Minha mãe tá lá jogada num corredor desde terça-feira. O médico passa lá uma vez por dia e olhe lá. Se é pra morrer aqui, a míngua, eu prefiro levar ela pra casa onde ele vai ser tratada bem melhor”, explica Maria Inês.
Pacientes que não tem o direito a atendimento médico adequado atendido são rotina no núcleo de saúde da Defensoria Pública do Ceará. “A gente recebe de 30 a 40 pessoas por dia procurando atendimento relacionado a exames, consultas, cirurgias. Que elas não conseguiram realizar e a gente tenta por meio administrativo ou judicial encontrar uma solução”, conta Nelie Marinho que é defensora pública.
O órgão já realizou vistorias e notificou o Estado sobre o problema várias vezes mas, até agora, poucas providências foram tomadas. “Ano passado nós realizamos uma visita, enviamos o relatório para o governo do estado e, agora, estamos organizando mais uma audiência pública pra debater essa situação”, explica a defensora.
A Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) afirmou que se manifestará em nota sobre o assunto. Porém, até o fechamento da matéria, não houve retorno.
Uma matéria sobre o assunto será exibida hoje, às 19h10, no Jornal da Cidade.
Colaboração: Alexandre Medeiros