Para a ala oposicionista, o destino de Cunha deveria ser decidido já na próxima semana, antes de o Senado votar a questão do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Já a ala governista defendia resolver a questão do ex-presidente da Câmara somente depois que o julgamento de Dilma ocorra no Senado. Entre as duas perspectivas, Maia decidiu alinhar-se com a base aliada do governo, da qual faz parte, e estabeleceu o dia 12 de setembro para que os deputados votem a cassação de Eduardo Cunha.
Motivos
Além disso, a partir do dia 29 o presidente interino Michel Temer deverá se ausentar para uma visita oficial à China e o atual ocupante da Presidência da Câmara deve ocupar o cargo de presidente da República. Neste período Maia ficará impedido de presidir as sessões, que ficarão sob a responsabilidade do deputado Waldir Maranhão, o mesmo que ocupou interinamente o cargo de presidente da Câmara após o afastamento de Eduardo Cunha pelo STF. Já na semana após a passagem de Maia pelo Planalto ocorrerá o feriado da Independência, 7 de setembro, momento em que o quórum na Câmara também deverá estar reduzido para haver votação. Assim, teria restado apenas o dia 12 de setembro como data provável mais próxima para ocorrer a votação da cassação de Eduardo Cunha
Reações
Como era de se esperar, a decisão de Rodrigo Maia não repercutiu bem com a oposição. Para o deputado Alessandro Molon, da Rede do Rio de Janeiro, a definição da data para setembro representaria uma atitude ao mesmo tempo ‘’covarde’’ e ‘’conivente’’ do Palácio do Planalto e parte da #Câmara dos Deputados. Para Molon, a base aliada do presidente interino Michel Temer estaria com receio de possíveis delações de Eduardo Cunha tão logo perca seu mandato como deputado, o que poderia comprometer a efetivação do interino na Presidência da República. Posição semelhante é defendida pelo deputado do PSOL do Rio de Janeiro, Chico Alencar, que afirmou serem ‘’desculpas’’ os argumentos apresentados por Rodrigo Maia para marcar a data da votação de Cunha para setembro. Para Alencar, assim como Molon, haveria medo de que o ex-presidente da Câmara atrapalhe o processo de impeachment da presidente Dilma.
Na ala governista a definição da votação de Eduardo Cunha para o mês que vem não surpreendeu, já que desde o início da semana as lideranças da base aliada vinham se articulando por um consenso, que basicamente foi selar o destino de Cunha após a definição sobre a interinidade de Temer no Senado. Líder do Democratas, partido de Rodrigo Maia, o deputado Pauderney Avelino pareceu não concordar plenamente com a ideia, mas considerou pertinente como estratégia para evitar “tumulto e estresse”. Para que a cassação de Cunha aconteça, é necessário que pelo menos 257 deputados, de 512, emitam voto a favor de cassar o mandato do ex-presidente da Câmara.
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