Abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, um espetáculo de cores que encantou o mundo
Uma estrutura metálica que forma um Sol, refletindo o brilho da chama, deu início aos Jogos Olímpicos Rio 2016. Para acendê-la, um exemplo de superação foi escolhido: Vanderlei Silva, o atleta que ficou marcado após ter sido agarrado enquanto competia em Atenas 2004. Mesmo assim, ele chegou em terceiro lugar e conquistou uma medalha de honra do Comitê Olímpico Internacional (COI).
A pira olímpica, inovadora, também deu o tom da festa de abertura que abusou da criatividade dos diretores criativos e cineastas Fernando Meirelles, Andrucha Waddington e Daniela Thomas. A produção definiu a festa como “low tech” (baixa tecnologia) e procurou passar mensagens políticas fortes e com tema de sustentabilidade.
No início, com a mesma rapidez dos pulos dos dançarinos de parkour de Débora Colker, a história do Brasil teve saltos temporais. Do surgimento da vida e da selva, veio a colonização dos portugueses e chegada dos imigrantes. De escravos, negros foram empoderados. E, dessa mistura, tudo vira festa, ao som de Ludmilla, Jorge Ben Jor, Elza Soares, Zeca Pagodinho e Marcelo D2.
A contagem regressiva foi feita em papel alumínio. Os efeitos visuais foram projeções em uma grande lona no chão do estádio, que também serviu de palco para os dançarinos.
Paulinho da Viola foi quem cantou o hino nacional, seguido em coro pelos espectadores. Enquanto isso, a bandeira do Brasil era hasteada por policiais.
Com barbantes, uma teia foi formada por bonecos de insetos. Delas, índios formaram ocas que, em seguida, foram destruídas pelos conquistadores portugueses em caravelas.
Escravos surgiram, então, com blocos pesados e grilhões nos pés. Logo em seguida, imigrantes aparecem, como os japoneses, que seguram imensas bandeiras vermelhas simbolizando seu país.
Outro momento impactante, foi o retrato do avanço da urbanização, ao som de “Construção”, de Chico Buarque. Conforme os prédios cresciam, dançarinos simulavam pulos nos terraços. Ao final, trouxeram caixotes e os iluminaram com lanternas. A plateia acompanhou, ligando as telas dos celulares.
Dessas caixas e, em um retorno ao tempo, uma réplica do avião 14 BIS, de Santos Dumont, surgiu. Para surpresa de todos, ele sobrevoa o Maracanã, levando os presentes ao delírio.
Enquanto isso, no telão, uma filmagem mostrava a cidade de cima, com os cartões postais sambódromo, Catedral, Arcos da Lapa, Cristo e Zona Sul.
Nesse instante, com um vestido lilás metalizado, ao som de “Garota de Ipanema”, Gisele Bundchen faz o mais longo e primeiro desfile após anunciar sua aposentadoria. Ela cruza o Maracanã, com um salto alto, e percorre 124 metros. Foi o segundo avião da noite a arrancar suspiros dos presentes. A polêmica do ensaio da cerimônia, de um assalto à modelo, não ocorreu.
Houve espaço também para críticas ambientais e sociais. Um vídeo aponta o avanço do aquecimento global, que é agravado com a sociedade consumista.
Com narração da atriz Fernanda Montenegro, que declama “A Flor e a Náusea”, de Carlos Drummond de Andrade, a cerimônia afirma que cada atleta vai receber uma muda para ser plantada na cidade. No total, 110 mil mudas de árvores foram distribuídas.
Desse momento, entraram as delegações, precedidas por ciclistas levando mudas. A primeira a entrar foi a Grécia, tradicionalmente. Na entrada da Alemanha, o presidente do COI ,Thomas Bach, levantou-se de sua cadeira e saudou a delegação.O Brasil foi o último a entrar.
Uma vaia chegou a ser ensaiada para seleção da Argentina, mas foi abafada pelos aplausos, inclusive as do seu presidente Mauricio Macri, que estava presente.
Após a passagem da comitiva dos atletas, o presidente do Comite Olimpico Brasileiro, Carlos Nuzmam, em seu discurso lembrou que já foi um competidor uma vez. “Tenho muito orgulho de ter sido um atleta olímpico, do vôlei, nos Jogos de Tóquio, em 1964, e estar aqui para falar com os melhores atletas do mundo”, declarou.
Na sua fala, ele usou citações de músicas de Gilberto Gil. “O melhor lugar do mundo é aqui, agora!”, além de “O Rio de Janeiro continua lindo!”
Já o presidente do Comitê Organizador Internacional, Thomas Bach, discursou em seguida e fez referência aos refugiados. “Vocês [refugiados] mandam uma mensagem de esperança às pessoas espalhadas pelo mundo. Tiveram que escapar de suas casas pois eram diferentes”, disse.
Ele também homenageou os brasileiros. “Os primeiros Jogos da América do Sul vão para o Brasil, e do Brasil para o mundo inteiro. Todos devem estar muito orgulhosos essa noite. Vocês conseguiram em sete anos aquilo que gerações antes de vocês só puderam sonhar. Transformaram uma metrópole como o Rio de Janeiro em uma cidade ainda mais bonita”, afirmou.
Apesar de polêmica ao ser anunciada, a junção de Caetano Veloso e Gilberto Gil e Anitta foi muito aplaudida. Eles cantaram “Sandália de Prata”, música de Ary Barroso, acompanhados por escolas de samba do Rio, como Mangueira, Ilha do Governador, Portela, Tijuca, Salgueiro, entre outras.
Chegando ao fim, o juramento olímpico ficou por conta do velejador Robert Scheidt. Antes, a bandeira das olimpíadas, com os aros desenhados, foi carregada por carregada por Emanuel (vôlei de praia), Joaquim Cruz (atletismo), Rosa Célia Pimentel (médica), Sandra Pires (vôlei de praia), Torben Grael (vela), Marta (futebol), Oscar (basquete), Ellen Gracie (jurista).
Sob vaias e aplausos, o presidente interino Michel Temer declarou abertos os Jogos Olimpícos da Rio 2016. O presidente interino fez a declaração da tribuna de onde assistiu a cerimônia de abertura no Maracanã, após os discursos dos presidentes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Nuzman, e do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach.
Após o acendimento da pira, o cristo foi iluminado pelas cores verde e amarelo. (Com informações de Bruna Fantti/O Dia, RJ).
Fotos: Reuters/Leon Neal/Estadão
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