Uma cena chocou e mobilizou os usuários de redes sociais esta semana. Uma jovem de 18 anos dorme
no chão de uma das maiores faculdades de direito do Estado, ao lado do filho que tem apenas seis meses de vida. Mas não é difícil encontrarmos essa cena nas ruas da capital alagoana: mães jovens com vários filhos perambulando em busca de dinheiro para sustentar o vício das drogas. Maria Márcia mora na Vila Brejal e sempre é vista pelos estudantes e transeuntes com o filho pequeno no colo pedindo esmolas. “Vi a cena alguma vezes, a criança com no mínimo dois meses deitada assim no chão. É sem dúvida uma cena chocante e o poder público não faz nada”, disse um empresário da região. A cena foi registrada pela estudante de direto Janine Ferreira que, inconformada com a situação, acionou o Conselho Tutelar. “Esperei duas horas e ninguém apareceu. Eu e mais duas amigas ligamos para vários números, chamamos até a polícia que esteve no local para auxiliar. Fiquei até às 15h e ninguém apareceu”, afirmou a estudante. A estudante disse que comprou comida e ofereceu ajuda para a jovem mãe, que não conseguia nem se alimentar. “Ela estava sob efeito de drogas e não conseguiu raciocinar direito, ela nem comeu o que oferecemos. Ela ficou muito assustada com a presença da polícia e chorou muito pedindo para que não fosse presa. E como estudante de direito conheço o direito dessas pessoas e fiz o que eu podia, mas tem coisas que não podemos mudar”, afirmou Janine, mostrando ainda que deixou o seu número com o Conselho Tutelar, mas não teve retorno. A reportagem do CadaMinuto entrou em contato com o presidente do Conselho Tutelar da Regional, Rafael Martiniano, que informou que recebeu a denúncia de que uma mãe estava desmaiada e que seu filho de alguns meses estava sozinho, em situação de risco. “Quando recebemos o chamado estávamos com a equipe em outra ocorrência. Quando chegamos ao local não encontramos ninguém. Horas depois voltamos ao local da denúncia e nada foi constatado. É importante deixar claro que se acontecer alguma coisa com os pais ou com o responsável pela criança podemos agir”, disse o conselheiro. De acordo com Martiniano, não é de competência dos Conselhos Tutelares retirar as crianças das ruas. “Infelizmente se a mulher estivesse apenas nas ruas perambulando, não poderíamos fazer nada, porque não é da nossa competência. Quando encontramos fatos assim, repassamos para o projeto da prefeitura o Abordagem Social, que faz o trabalho com dependentes químicos, de pessoas em situação de risco. É lamentável que nossas polícias públicas não são eficazes e que cada vez mais encontramos mais essas imagens”, frisou o conselheiro tutelar Rafael Martiniano. O projeto Abordagem Social é veiculado à Secretaria de Assistência Social (Semas) e trabalha nas ruas para tentar retirar as pessoas que vivem em situação de risco. A psicóloga Sheila Lima, recebeu a denúncia feita pela estudante, mas infelizmente não pode fazer nada. “Não podemos obrigar ninguém a sair das ruas. Quando há situação de risco para crianças passamos o caso a frente e quem decide é o juiz. Agora nós precisamos andar de mãos dadas com o Conselho Tutelar, precisamos do apoio deles, e não ficar nesse jogo passando a bola para o outro”, afirmou a psicóloga do Projeto Abordagem Social.
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