Fonte DN
Aleppo. Ao menos 53 civis dos bairros rebeldes e governamentais da cidade de Aleppo, norte da Síria, morreram ontem em bombardeios, informou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Os ataques do regime mataram 31 pessoas, incluindo três crianças, enquanto os bombardeios rebeldes causaram a morte de 22 pessoas, duas delas menores de idade, segundo a entidade.
Mais de 40 pessoas também ficaram feridas em bombardeios rebeldes contra cinco bairros controlados pelo governo.
O regime sírio se prepara para lançar uma ofensiva para reconquistar a província de Aleppo (norte), onde os combates e bombardeios já mataram cerca de 200 pessoas em uma semana.
"Agora é o momento de lançar a batalha para a libertação total de Aleppo", anunciou também ontem em Damasco o jornal Al Watan, próximo ao governo sírio. "Não é um segredo que o exército sírio e seus aliados preparam esta batalha decisiva", acrescentou.
O objetivo do regime do presidente Bashar al Assad é retomar o controle dos setores de Aleppo nas mãos dos rebeldes há quatro anos. A segunda maior cidade da Síria está dividida desde julho de 2012 entre os bairros controlados pelo exército na parte oeste e a leste pela rebelião.
A situação em Aleppo tem preocupado o enviado das Nações Unidas para a Síria, Staffan de Mistura, que exortou a Rússia e os Estados Unidos a tomarem "uma iniciativa urgente". No bairro rebelde de Bustan Al Qasr, um correspondente da AFP constatou que todos os edifícios visíveis foram afetados pelos bombardeios. "Os aviões devastaram toda a vizinhança", relatou um morador. Para o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Aleppo está "no limiar de um desastre humanitário".
"Em toda a parte, é possível ouvir as explosões mortais, bombardeios e aviões sobrevoando a área", relatou Valter Gros, representante do CICV na cidade.
Um bombardeio contra um hospital no bairro de Al Sukari, no leste de Aleppo, já havia deixado na quarta-feira (28) 30 mortos, inclusive o único pediatra do bairro rebelde, indicou o grupo de defesa civil.
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), que apoia o "principal centro pediátrico" bombardeado, condenou o ataque. "Os hospitais não deveriam ser um alvo", declarou o grupo no Twitter, usando a hashtag em inglês #notatarget. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou o ataque como "imperdoável". Ele acrescentou em um comunicado que "deve haver responsáveis por esses crimes".
"Os ataques a civis constituem violações inaceitáveis às leis humanitárias", afirmou. Um porta-voz do Alto Comitê de Negociações (HCN), que reúne os principais representantes da oposição síria, Salem al Meslet, denunciou em um comunicado um "ataque cruel que é uma mensagem de que o regime de Assad rejeita o fim do sofrimento do povo sírio". Neste contexto, Washington, que se disse "escandalizado" com o ataque ao hospital, apelou a Moscou para conter o regime de seu aliado, Assad.
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