Nível do Castanhão preocupa os produtores locais


FONTE DN/ por Honório Barbosa - Colaborador

A discussão começou no segundo semestre de 2015, após uma elevada mortandade de tilápia, no Açude, mas não houve avanço ( Foto: Ellen Freitas )
Iguatu. O Açude Castanhão, o maior do Ceará, acumula 9,9% de sua capacidade. É o menor volume desde a cheia de 2004. A perda de água afeta as atividades econômicas: produção de pescado, camarão e irrigação agropecuária. O cenário presente é preocupante e o futuro, desanimador. Mediante esse quadro, cerca de 20 representantes de piscicultores e de órgãos públicos estaduais e federais discutiram, ontem pela manhã, propostas na tentativa de reduzir o impacto da queda na produção de tilápia em cativeiro.


Desde o ano passado que a questão preocupa instituições governamentais e produtores de tilápia em decorrência da perda seguida de volume de água no reservatório. Não havia como manter a produção no nível de anos anteriores, cerca de 1.500 toneladas por mês. O reservatório é o maior produtor de tilápia em cativeiro do Ceará. O anúncio, nesta semana, do prognóstico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) de que há 70% de chance das chuvas permanecerem abaixo da média nos próximos três meses preocupou ainda mais o setor produtivo. Com a expectativa de perda do volume de água nos próximos meses, permanece a pergunta: até quando dá para manter a atividade de piscicultura no Castanhão?
Na reunião de ontem, entre representantes dos piscicultores, da Agência Nacional de Água (ANA), da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), Secretaria Estadual de Aquicultura e Pesca (Seapa) e do extinto Ministério da Aquicultura e Pesca (MAPA) ações imediatas e posteriores começaram a ser discutidas, mas ainda não há uma definição de um plano de trabalho.
Na verdade, o assunto já começou a ser discutido no segundo semestre de 2015, após a ocorrência de uma elevada mortandade de tilápia, no Castanhão, mas não houve avanço. Em julho do ano passado, estimou-se uma perda de três mil toneladas de pescado e prejuízos de R$ 18 milhões. Os números revelam a importância da atividade para o Estado e região jaguaribana. Os piscicultores resistiram à participação de um cadastro voluntário, com informações sobre a concessão de área, produção e outorga.
Agora, o cenário mudou. Depois dos prejuízos amargados com a mortandade e a perda elevada de volume de água, o setor entende que é preciso ter uma ação concreta. "Os piscicultores concordam com a necessidade de redução da atividade, pois o açude não suporta a mesma quantidade produtiva", disse o coordenador de Gestão dos Recursos Hídricos da SRH, Carlos Magno Campelo. "É preciso levar em conta a quantidade e a qualidade da água".
Ainda sem data definida, há o consenso de realização de uma audiência pública, em Jaguaribara, para discutir a questão. Sabe-se que há irregularidade na criação de tilápia em cativeiro por falta de outorga, concessão de área, licença, localização e quantidade maior do que a concedida. O problema precisa ser enfrentado e o primeiro passo seria a realização de um levantamento da situação de cada piscicultor e empresa na atividade.
As ações imediatas devem tratar de um cadastro dos produtores (pessoa física e jurídica). "Precisamos ter um levantamento da situação, um reordenamento do açude, levando em conta os condicionantes de outorga, para minimizar os efeitos da queda de produção", disse.