Em Limoeiro do Norte Estudantes cruzam fronteiras


FONTE DN/ por Ellen Freitas - Colaboradora

Adriana Mendes, 20, terá a oportunidade de competir na Genius Olympiad
Cícero Paulo dos Santos, Maria Jéssica da Silva e Alanna Lucena, alunos do IFCE de Juazeiro do Norte, desenvolveram reator de baixo custo para produção de biodiesel a partir de óleos residuais
Limoeiro do Norte. Alunos dos Institutos Federais de Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCEs) estão sendo destaques no desenvolvimento de pesquisas. Alguns trabalhos já foram qualificados para feiras internacionais. Só no campus deste município, seis alunos foram qualificados, em um ano, para apresentar trabalhos em encontros internacionais.
A estudante de Agronomia do IFCE de Limoeiro do Norte, Adriana Mendes, 20, terá a oportunidade de competir na Genius Olympiad, uma das mais importantes competições de projetos de alto rigor científico para estudantes, voltada para questões ambientais.
Ela irá apresentar uma análise do comportamento das plantas sob a ação do aquecimento do clima nos próximos dez anos, por meio de simulações realizadas em laboratório. A estudante, que também cursa o curso técnico em Administração, na Escola Normal, diz que todo o desenvolvimento do projeto foi realizado no Instituto, em parceria com a Escola.
A ideia, segundo Adriana, foi observar o comportamento de sementes de moringa em ambiente de simulação do aquecimento do climático.
"Pesquisas mostraram que o efeito estufa tende a aumentar nos próximos anos e o intuito foi ver como será o desenvolvimento dessa semente nessas condições de mais CO2 na atmosfera. Escolhemos a moringa por ela ser adaptável em todos os tipos de solo e ser mais resistente aos diversos climas. Se ela apresentasse um resultado negativo na simulação, indicaria que outras plantas mais sensíveis, cultivadas em larga escala, como milho e soja, poderiam sofrer um impacto bem maior", explicou.
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O equipamento custa R$ 80 para produzir 19 litros, já o equipamento mais barato do mercado produz menos biodiesel e custa R$ 3 mil 


A estudante conta que irá continuar a aprofundar a pesquisa e que, no futuro, quer ser professora universitária. "Assim como tive a oportunidade dada pela professora Renata em desenvolver uma pesquisa, quero também no futuro dar oportunidade a outros estudantes", conta. Em junho, Adriana viaja para Nova York, onde o evento reunirá participantes de 65 países e 40 estados americanos.
Para a professora Renata Chastinet, doutora em Bioquímica e orientadora de projetos na área, os alunos que se envolvem com pesquisas e participam desses eventos voltam como multiplicadores, estimulando outros estudantes a seguirem o mesmo caminho.
Além de Adriana, a professora acrescenta que outros cinco estudantes também tiveram trabalhos credenciados para eventos fora do País e que, em alguns casos, valores para inscrições e passagens, entre outras coisas, impedem que alguns compareçam. "Só em serem credenciados, para eles, já é uma grande vitória", conta Renata.
Biodiesel
Além da unidade de Limoeiro do Norte, outros campi do Instituto têm alunos premiados e com destaque em pesquisas. É o caso dos estudantes Cícero Paulo dos Santos, Maria Jéssica da Silva e Alanna Lucena, alunos do Instituto Federal no campus de Juazeiro do Norte, na região do Cariri. Eles viajaram para Abu Dhabi, em 2013, para apresentar o projeto sobre a reciclagem de óleo comestível usado na produção de biodiesel, glicerina e sabão, em uma feira mundial. Na nova etapa desse projeto, eles desenvolveram, sob a orientação dos professores Ricardo da Fonseca e Adolfo Átila Cabral, um reator de baixo custo para produção do biodiesel, glicerina e sabão.
Para fabricar esse reator, eles adaptaram um corote, que é um reservatório de água utilizado pelos caminhoneiros, e materiais como vassoura, polia, madeira e garrafa de plástico. O equipamento custa R$ 80, produz 19 litros de biodiesel e não necessita de energia elétrica para funcionar. Já o equipamento mais barato do mercado produz menos biodiesel e custa R$ 3 mil. O projeto foi credenciado para participar da I-SWEEEP, uma importante feira de ciências voltada para estudantes do Ensino Médio, que ocorrerá em Houston, Texas (EUA), no período de 7 a 10 de maio.
Segundo Jéssica, tudo começou com uma pesquisa de campo, nas casas e restaurantes da cidade de Juazeiro do Norte, para descobrir o que era feito com o óleo usado. A equipe percebeu que o descarte, na maioria das vezes, era realizado de forma incorreta. De acordo com Ricardo, esse equipamento facilita o surgimento de uma cultura de reaproveitamento do óleo usado, reduzindo, assim, os impactos ambientais. "O nosso reator é o mais barato do mundo. Se criarmos uma cultura de utilização desse equipamento, teremos excelentes ganhos ambientais. Isso pode um dia se transformar em uma política de governo. Assim o produtor rural poderá fazer seu próprio biodiesel para alimentar o trator", afirma.
Robótica
Saindo do Cariri para o Centro-Sul do Estado, um projeto de robótica foi premiado na Alemanha, em setembro do ano passado, na Worldwide Freescale Cup Challenge. A competição consiste em uma corrida de carros autoguiados construídos e programados por estudantes de diversos países. Os estudantes representaram o Brasil e conquistaram o sexto lugar do mundial, superando países como Estados Unidos, México e Índia. Os três primeiros lugares ficaram, respectivamente, com China, Malásia e Suíça.
A delegação cearense foi composta pelos professores Alan Vinícius Batista e Pedro Henrique Miranda e pelos alunos Weverton Lima e Aílton Silva, ambos do curso de Tecnologia em Mecatrônica Industrial. No ano passado, outro time do Cedro esteve presente na mesma competição, que ocorreu na Coreia do Sul. A vaga para o mundial é obtida por meio de seletiva nacional, na qual os cearenses conquistaram o primeiro e o segundo lugares, assegurando credencial para o evento internacional. Na ocasião, os alunos do IFCE - Campus Cedro apresentaram um protótipo que percorreu o trajeto determinado em cerca de 12 segundos, superando os projetos de instituições de ensino reconhecidas nacionalmente, como Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Segundo o coordenador do Núcleo de Inovação Tecnológica do IFCE, José Wally Menezes, a instituição recebe recursos do Ministério da Educação para investimento em pesquisas. "O Instituto tem os seus editais de pesquisa formais, bolsas de iniciação científica para alunos e bolsas de produtividade científica para professores. Além dos programas de pós-graduação e o fomento aos grupos de pesquisa", destacou. Para ele, o investimento é de fundamental importância para atender às necessidades reais da sociedade.
Enquete
Por que competir?
Além do aprendizado e do reconhecimento, esses estudantes retornam como multiplicadores, estimulando outros alunos a se envolverem com pesquisas e a concorrerem em eventos desse porte.
Renata Chastinet - Professora orientadora
É algo importante, não só para a vida acadêmica, mas temos a oportunidade de dar visibilidade a um trabalho que tem o intuito de melhorar a vida do ser humano inserido em seu meio ambiente
Adriana Mendes - Aluna pesquisadora
Mais Informações
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)
Telefone: (85) 3401-2300