FONTE DN/ por Karine Zaranza - Repórter Fortaleza aparece como microrregião de saúde em que a mortalidade por acidentes de trânsito é a menor do CE
A violência no trânsito é a terceira causa de morte no Ceará. Contudo, o que vem chamando atenção é o fato de que a Capital detém um maior número de acidentes e o menor número de mortes. De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE), foram registrados em Fortaleza - de janeiro a julho de 2015 - 12.127 acidentes de trânsito e 190 mortes (1,5%). No Interior, foram 1.626 ocorrências e 757 óbitos (46,6%).
De acordo com a técnica da área de doenças e agravos nãos transmissíveis da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Augediva Maria Pordeus, os acidentes com motos são os grandes vilões e podem explicar esse fenômeno. Apesar do número mortes em acidentes de trânsito no Ceará ter reduzido 16,7%, passando de 1.717, em 2014, para 1.430, em 2015, as taxas de internação hospitalar e de óbito com motociclistas são crescentes.
"Nós percebemos que houve uma substituição muito forte da bicicleta e do cavalo, no Interior, por motocicletas. Por isso, um número tão grande de acidentes", reconhece ela, que foca esse público como prioritário das ações do governo.
Operações
A diretora de planejamento do Detran, Lorena Moreira, reforça o discurso e elenca operações voltadas a diminuir essas taxas. "De cada três motos comercializadas no Ceará, duas vão para o Interior. Por isso, trabalhamos com a Operação Capacete, que fiscaliza e multa o não uso do acessório de segurança", diz.
Entre as infrações que mais influenciam para esses acidentes, estão o desrespeito ao uso de álcool, o não uso de capacetes e o excesso de velocidade nas vias. "Estamos trabalhando ao mesmo tempo com ações educativas e ainda com blitz de fiscalização. O governador também reduziu os impostos de 12% para 7% sobre os capacetes para incrementar o uso pelos motociclistas", acrescentou Lorena
Pesquisa
De acordo com as informações da Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada em 2015, pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), 32,5% dos motociclistas no Ceará não têm o hábito de usar o capacete.
Com base nas pesquisas da Sesa, foi montado um perfil epidemiológico dos acidentes de trânsito no Ceará. O público mais vulnerável é o homem jovem - de 20 a 39 anos - que usa moto como meio de transporte. "Existe um crescente número de mulheres que se acidenta e morre no trânsito ao mesmo tempo em que vemos também que as mulheres passaram a usar mais esse meio de transporte", pondera Augediva.
Risco
Ela informa ainda que o período na noite e os fins de semana elevam o número de acidentes. O maior risco acontece entre 2h e 5h, no domingo. Os períodos de festas populares também elevam essas taxas porque os deslocamentos se tornam mais intensos nas estradas. A partir desses levantamentos, diversas ações inter setoriais do Governo do Estado em parceria com os municípios serão montadas para reduzir esses acidentes.
Fique por dentro
Campanha tenta reduzir número de ocorrências
A Campanha "Seja você a mudança no trânsito. Respeite a vida", do Estado, que começou em dezembro com a participação voluntária de humoristas, cantores e jogadores de futebol, tem por objetivo alertar a população que a prevenção dos acidentes depende de cada um. Segundo o Secretário Adjunto da Saúde do Estado do Ceará, Marcos Antônio Gadelha, as ações de prevenção serão constantes e comparou a violência do trânsito à dengue.
"É preciso que a população entenda que ela pode evitar esses danos. Se cada um fizer sua parte, a gente consegue reduzir isso. Só conseguiremos isso com o envolvimento da população nessa mudança de comportamento. É um dano muito alto para a saúde, não apenas pelos óbitos, mas também com alto investimento. Sessenta por cento dos atendimentos do Samu estão relacionados a acidentes de trânsito. A maioria poderia ter sido evitada".
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