'É melhor Cunha se explicar', afirma ministro da justiça
Por:Luciano Almeida -
Fonte DN/ O presidente da Câmara disse ser vítima de complô entre o Planalto e a Procuradoria-Geral da República (PGR)
O petista acusou o peemedebista de "inventar teses" e disse não entender o "incômodo" ( FOTO: REUTERS )
Brasília. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reagiu, ontem, às declarações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de que seria vítima de um complô entre o governo federal e a Procuradoria-geral da República (PGR).
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Cunha disse que o Ministério Público "trabalha em conjunto" com o governo Dilma Rousseff (PT) para atacá-lo. Em resposta, Cardozo recomendou que Cunha esclarecesse as denúncias de que é alvo e disse que o peemedebista "inventa teses".
Explicações
"Seria melhor o presidente da Câmara explicar à opinião pública as acusações que lhe são dirigidas ao invés de se vitimizar inventando teses de 'conluios' que nunca existiram", afirmou.
Na entrevista, Cunha também disse estranhar a rapidez com que o governo abriu inquérito para investigar o vazamento de mensagens do ex-presidente da empreiteira OAS José Aldemário Pinheiro, indicando que o atual ministro Jaques Wagner (Casa
Civil) teria intermediado doações para a campanha eleitoral de 2012.
"Vaza um documento sobre o Jaques Wagner e o ministro da Justiça pede para apurar imediatamente. O meu vaza todo dia e ninguém fala nada. São inúmeros procedimentos, posso falar até amanhã", acusou Cunha.
Sobre o inquérito aberto para apurar os vazamentos de mensagens de Pinheiro, obtidas na Lava-Jato, Cardozo disse que o "fato tinha como vítimas varias pessoas, como o ministro Wagner e o próprio Eduardo Cunha". "Não entendo a razão pela qual ele ficou tão incomodado com a abertura deste inquérito. É estranho. Mas, se houver outro vazamento ilegal contra ele não investigado, como já disse, ele pode representar para mim pedindo apuração. Ele sabe como fazer. Já fez antes. E sempre foi atendido como manda a lei", disse.
Ontem, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) afirmou, em nota, que o manifesto de grupo de advogados com críticas à Lava- Jato, divulgado na semana passada, é um ataque "à atuação do Ministério Público Federal (MPF) e da Justiça".