Nesta terça-feira, 4 de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reassume a presidência rotativa do Mercosul, após um período de 13 anos. O cargo, que é transferido a cada seis meses, estava nas mãos do presidente argentino Alberto Fernández, aliado de Lula.
A transição ocorreu durante uma conferência entre os países membros do bloco - Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Vale ressaltar que a Venezuela também é oficialmente integrante do Mercosul, embora esteja suspensa desde 2017. O governo brasileiro tem defendido o retorno do país ao grupo.
A mudança de liderança acontece em meio às tensões comerciais entre o bloco sul-americano e a União Europeia (UE), que provavelmente será um dos principais temas de discussão na reunião.
O governo brasileiro tem buscado soluções para os obstáculos ambientais apresentados pelos europeus, os quais consideram exagerados para a ratificação do acordo de livre comércio entre os dois blocos.
"Nós queremos adotar uma política de ganha-ganha. Não queremos uma política em que eles ganhem e nós percamos", avaliou Lula durante o programa semanal Conversa com o Presidente.
Lula destacou, por exemplo, que os europeus desejam que o Brasil abra mão de compras governamentais, ou seja, deixe de comprar de empresas brasileiras para adquirir de empresas estrangeiras. Segundo o ex-presidente, essa medida prejudicaria as pequenas e médias empresas nacionais, além de ocasionar a perda de muitos empregos.
Retorno da Venezuela ao Mercosul
Embora haja proximidade entre Lula e Nicolás Maduro, o retorno da Venezuela ao Mercosul não está previsto. O país foi suspenso do bloco em dezembro de 2016 por violar a cláusula democrática estabelecida pelo Protocolo de Ushuaia, um acordo regional assinado em 1988 que estabelece princípios e critérios para a preservação e promoção da democracia entre os países membros do bloco.
A embaixadora Gisele Padovan afirmou que o assunto está em pauta, mas ainda não há previsão para a reintegração da Venezuela ao grupo.
Outro ponto importante que será discutido é a intenção do Uruguai de firmar um acordo bilateral com a China, algo que tanto o Brasil quanto a Argentina desaprovam.
Além disso, espera-se que a crise econômica na Argentina também seja abordada durante o encontro desta terça-feira.