Os aliados políticos de Jair Bolsonaro (PL) acreditam que, com a inelegibilidade do ex-presidente determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), surgem como fortes candidatos de direita à Presidência em 2026 figuras como o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Também são mencionados como possíveis opções o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e a ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (Progressistas). Em entrevista exclusiva ao jornal O TEMPO na sexta-feira (30), o ex-presidente comentou que Zema seria uma boa alternativa para as eleições de 2030, mas não para as de 2026.
"Eu o respeito profundamente.(Zema). Na minha opinião, ele fez um bom trabalho aqui. Mas isso é para o futuro, 2030, 2034, 2038, é uma boa opção". Segundo o ex-presidente, Zema tem "total direito de sonhar com a Presidência" e acrescentou que "ele foi um bom contato". "Fiz tudo o que pude por ele, porque não era por ele, era pelo Estado. Vejo que ele é uma pessoa prestigiosa aqui, ele tem todo o direito de sonhar mais alto".
O deputado federal de São Paulo e ex-ministro de Bolsonaro, Ricardo Salles (PL), comentou que Zema e Tarcísio são os nomes mais fortes entre os cogitados, mas ressaltou que a decisão de uma candidatura de direita que não tenha o ex-presidente como cabeça de chapa precisa amadurecer. "O nome terá que ser escolhido por Bolsonaro, caso a direita não o tenha como candidato", declarou Salles.
Zé Santana (PL), atual presidente estadual do PL e futuro presidente de honra do partido, avalia, por outro lado, que é precipitado levantar nomes que possam substituir Bolsonaro na corrida eleitoral. "A política tem seu tempo certo. Acredito que, no momento oportuno, o partido se reunirá com ele e as lideranças expressivas do Brasil para escolher o melhor caminho (em 2026). Aqueles que derem opiniões contrárias estão se precipitando", defendeu.
O deputado federal Domingos Sávio (PL), que substituirá Santana na liderança estadual do partido, ponderou que tanto Zema quanto Tarcísio e Leite são pessoas com "preparo e credibilidade" e os considera "potenciais candidatos" em 2026. No entanto, a definição das estratégias para que esses políticos se destaquem na corrida eleitoral será decidida no futuro.
"É um processo que ainda está por vir. O mais importante, além do nome escolhido, é que a direita, o sentimento liberal democrático, está consolidado no Brasil e terá um representante contra a esquerda nas próximas eleições. É isso que precisamos preservar no momento", conclui.
Durante o 22º Fórum Empresarial Lide, em Copacabana, no Rio de Janeiro, os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União), ambos próximos ao ex-presidente, defenderam a centralidade da figura de Jair Bolsonaro como principal liderança da direita brasileira, mas ponderaram que, em 2026, ele deve ser "um cabo eleitoral conservador", em vez de ser o candidato.
A conversa ocorreu na quinta-feira (29), quando o julgamento no TSE ainda não havia sido concluído. "O ex-presidente talvez seja até mais importante agora do que se estivesse elegível. Não tenho dúvidas de que um candidato à Presidência que teve 49% dos votos tem uma infinidade de seguidores, que se sentirão injustiçados com a decisão", reforçou Caiado.
Eleição de 2024 será um "teste de popularidade"
O doutor em ciência política e professor do Ibmec, Christopher Mendonça, avalia que a direita continuará sendo uma força eleitoral relevante no país nas próximas eleições e poderá até aumentar o capital eleitoral que possui, apesar da inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL). "O ex-presidente teve metade dos votos do país e não demonstra uma popularidade em declínio. Isso pode ser transferido para outro candidato de direita no futuro, que, dependendo do perfil, também pode conquistar votos que foram para Lula. Atualmente, há um equilíbrio forte entre a esquerda e a direita, que tende a se manter", argumenta Mendonça.
O especialista acredita que o principal nome entre as atuais lideranças da direita é Tarcísio de Freitas, seguido por Romeu Zema. Além dos nomes mencionados pelos aliados do ex-presidente, Mendonça destaca que Ratinho Jr., governador do Paraná, também pode se destacar. No entanto, a possibilidade de candidaturas deverá ser testada em 2024, quando os governadores deverão tentar lançar nomes para as prefeituras e para o Legislativo.
"As capitais estão muito polarizadas. É um momento em que voltamos ao debate. Esses nomes que podem ser candidatos à Presidência terão seu primeiro teste ao indicarem pessoas para as eleições municipais", conclui.
Articulações já começaram em Belo Horizonte
O ex-presidente Jair Bolsonaro esteve em Belo Horizonte na semana passada para o velório e enterro do ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli. Sua passagem pela capital mineira acabou se tornando um encontro de articulações políticas.
Ele participou de um almoço com aliados como os deputados federais Eros Biondini (PL), Lincoln Portela (PL), Domingos Sávio (PL) e Cabo Junio Amaral (PL), além dos deputados estaduais Coronel Sandro (PL) e Sargento Rodrigues (PL).