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Em dois meses, Palhano registra mais casos de Covid do que em 2020 inteiro

Na pequena cidade de Palhano, no interior do Ceará, a pandemia já tem sido mais dura em 2021 do que foi ao longo de 2020 inteiro. Com cerca de 9 mil habitantes, o município do Vale do Jaguaribe registrou 243 casos somente neste início de ano, segundo dados da Secretaria de Saúde atualizados na última quinta (4). Entre os meses de março e dezembro passados, foram contabilizados 212 diagnósticos positivos.

Em menos de três meses, a doença também já fez quatro vítimas, quase metade do número de óbitos em decorrência do coronavírus no município. Em todo o ano passado, foram seis mortes por Covid-19 na cidade. O alto índice de contaminação levou o governo a decretar lockdown, previsto inicialmente para durar nove dias.

Em dois meses, Palhano registra mais casos de Covid do que em 2020 inteiro

O Comitê de Enfrentamento à Covid decidiu pelo fechamento de atividades não essenciais a partir do sábado (27). Palhano foi a quarta cidade cearense a aderir ao bloqueio este ano, junto a Meruoca, Mombaça e Santa Quitéria. De acordo com os dados oficiais da Prefeitura, a última semana foi a mais complicada desde a chegada do coronavírus ao município. O fim das medidas rígidas está previsto para o próximo domingo (07). No entanto, seguindo as orientações do governo estadual, as autoridades municipais devem aderir ao decreto por mais 14 dias.

Quem não tem gostado muito das restrições são os comerciantes, como Luiz Américo, de 44 anos, que é dono de uma pousada no Centro da cidade com capacidade para 40 pessoas em seus 10 apartamentos. No mesmo espaço, na parte debaixo, funciona uma churrascaria, da qual o empresário também é proprietário. Antes da pandemia, o estabelecimento abria duas vezes ao dia, mas, nos últimos meses, tem servido somente refeições no início da tarde - sem distinção entre almoço e janta como até então.

"A cidade já é pequena e a maioria dos hóspedes são construtores, vendedores e representantes comerciais. Gente que vem comprar mercadoria. Não tem muito turista que vem para se divertir, porque há poucos eventos que atraem o público. Com o fechamento, agora não tenho ninguém hospedado. Há quatro anos que eu tenho a pousada, nunca tinha passado por uma noite sem ninguém dormindo aqui. Essa semana só tinha uma hóspede, porque uma secretária do município estava lá", lamentou.

A suíte mais sofisticada, com direito a ar condicionado, frigobar e televisão, custa R$60, enquanto a diária mais barata, R$40,00. Em uma rotina normal de atendimento, Américo costuma faturar R$ 1 mil. Com o bloqueio, o faturamento caiu 70%. Dos quatro funcionários que integram a equipe, um precisou ser dispensado e outro teve que tirar férias.

“Para vender uma marmita, preciso sair fazendo entrega. Não posso deixar nem uma mesa. Meu espaço é grande, eles poderiam liberar quatro, duas mesas. Mas não deixaram nenhuma”, afirmou.

Segundo ele, os estabelecimentos liberados a abrir, cujas atividades são essenciais, operam em horário limitado, o que tem acarretado aglomerações. Isso porque, conforme o empresário, não há controle do fluxo de pessoas.

"Nos mercantis e frutarias, durante o dia, não tem limite de pessoas. Pode entrar todo mundo até o meio-dia. Nesse horário aglomera muita gente, porque todo mundo quer fazer suas compras para passar o restante do dia sem precisar voltar para a rua. Oficinas e borracharias também podem abrir. A lotérica, então, está lotada. Acho que lá não existe coronavírus", ironizou.

Apesar do prejuízo, Américo concorda que as imposições de distanciamento social são positivas para o combate à doença. Em sua visão, o problema está em como o lockdown tem sido feito.

"Eu acho que é uma medida importante, mas está sendo feita da maneira errada e injusta", opino. "No início da pandemia não sofri tanto, porque tinha uma reserva de emergência. Mas eu tenho funcionários. Como fico? Entre os comerciantes é quase unânime, ninguém está gostando", complementou.

Palhano tem apenas um hospital público para atender toda a cidade, o Hospital e Maternidade Maria Tereza de Jesus Mateus. Entretanto, o local não dispõe de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). Em situações mais graves, os moradores precisam ser transferidos para municípios vizinhos ou mesmo para a capital Fortaleza, a mais de 120 km.

"Hoje o principal problema que apresentamos é a dificuldade em relação aos leitos. O município não tem suporte, porque não temos UTIs. Quando chega um paciente com necessidade de transferência é desesperador ver o quadro se agravando e não ter como transferi-lo. Não se pode colocar um paciente dentro da ambulância e encaminhá-lo de forma irresponsável a outro município", disse Denis Rio, enfermeiro efetivo do município e assessor especial da Secretaria de Saúde.

De acordo com ele, a expecativa é que os resultados das medidas restritivas apareçam daqui a duas ou três semanas. Para isso, a ideia é reforçar a comunicação com a população, por meio de boletins e vídeos.

"Não há culpados, mas é preciso estar unido neste momento para sairmos o mais rápido possível desta situação. Isso só vai ocorrer se todo mundo estiver pensando e agindo da mesma forma", concluiu.

Fonte Rayane Rocha da Epoca

Luciano Almeida

Olá, sou o Luciano Almeida e é um prazer me apresentar a vocês. Tenho 41 anos e sempre vivi em Quixeré, uma cidade que conheço como a palma da minha mão. Sou um rapaz negro de pele clara, apaixonado por desenho, leitura e fotografia! Foi essa paixão que me inspirou a criar este blog. Aqui, meu objetivo é trazer informações relevantes para o Vale do Jaguaribe, uma região situada no centro-leste do Ceará, e também compartilhar um pouco do dia a dia dos jaguaribanos. Vou abordar temas como educação, saúde, cultura e, especialmente, a importância de sermos reconhecidos como cidadãos, com nossas próprias opiniões e vontades. Quero explorar nossa identidade neste mundo e como nos conectamos a ela. Além disso, pretendo destacar lugares interessantes nas cidades da região. Todos os dias, aqui no Jornal Vale em Destaque, você encontrará novidades fresquinhas para ficar bem informado.

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