(Bloomberg) -- A Fiat Chrysler lançou uma proposta de fusão com a Renault para criar a terceira maior montadora do mundo, em meio aos esforços do setor para ganhar escala e enfrentar os maiores custos com eletrificação e condução autônoma.
As montadoras dividiriam o controle de uma holding com sede na Holanda, com uma participação de 50% cada, segundo comunicado divulgado pela Fiat na segunda-feira. Os acionistas da Renault, que incluem o governo francês, receberiam um prêmio implícito de cerca de 10%. Em comunicado, o conselho da Renault disse que estudaria o que chamou de proposta "amigável".
As negociações entre as montadoras não incluem a Nissan Motor, parceira de 20 anos da Renault, e a Mitsubishi Motors, que também faz parte da aliança. A Fiat condicionou as negociações de fusão com a Renault à não inclusão da Nissan no curto prazo, segundo pessoas a par do assunto.
Segundo o plano, a acionista fundadora da Fiat, a holding Exor controlada pela família Agnelli, seria a maior investidora da empresa combinada. O presidente do conselho da Fiat, John Elkann, provavelmente permaneceria no posto, e o presidente do conselho da Renault, Jean-Dominique Senard, seria o CEO da nova empresa, segundo pessoas com conhecimento do assunto que não quiseram ser identificadas.
Juntas, as ações da Renault e da Fiat têm valor de mercado combinado de cerca de 35 bilhões de euros (US$ 39 bilhões).
O anúncio acontece em meio à intensa pressão sobre as montadoras para investir em novas tecnologias e se adaptar às tendências, como o compartilhamento de carros. A queda das vendas nos maiores mercados do mundo - China, EUA e Europa - trouxe uma nova urgência para o movimento de consolidação. A Fiat e a Renault esperam que as sinergias anuais somadas cheguem a mais de 5 bilhões de euros, provenientes de áreas como poder de compra.
"A Fiat e a Renault estão buscando uma base mais segura ganhando escala, e isso não é uma má ideia para as montadoras do mercado de massa", disse o analista Juergen Pieper, da Bankhaus Metzler. "A execução do acordo é um obstáculo significativo. Mas, no papel, a proposta parece boa."
O plano tem apoio político do estado francês, que é o maior acionista da Renault. O ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, se reuniu na semana passada com Senard para discutir a proposta, disse a porta-voz do governo, Sibeth Ndiaye, em entrevista à rede de TV BFM na segunda-feira.
Na Itália, a reação não foi tão positiva. Em entrevista à TV La7, Claudio Borghi, do partido Liga e que comanda o comitê de orçamento da Câmara dos Deputados, disse vai trabalhar para "que o valor histórico da Fiat seja garantido, caso contrário interviremos", afirmou, acrescentando que isso poderia incluir uma participação do estado na Fiat para se equiparar à fatia francesa na Renault.
Juntas, a Fiat e a Renault fabricaram cerca de 8,7 milhões de carros no ano passado, o que superaria a marca da coreana Hyundai Motor e da americana General Motors. No entanto, o volume ainda ficaria aquém da produção das duas maiores montadoras do mundo, Volkswagen e Toyota Motor, de 10 milhões de veículos no ano passado. Mas, combinando a produção da aliança existente da Renault com a Nissan e a Mitsubishi, o total seria de mais de 15 milhões de veículos por ano.
--Com a colaboração de Elisabeth Behrmann e Carol Matlack.
Repórteres da matéria original: Tommaso Ebhardt em Milão, tebhardt@bloomberg.net;Daniele Lepido em Milão, dlepido1@bloomberg.net
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