O protesto contra o presidente Michel Temer (PMDB) nesta quarta-feira, em Brasília, que terminou em cenas de vandalismo e conflito, teve 49 pessoas feridas (41 militantes e 8 policiais militares) e oito presas, conforme a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal. De acordo a gestão do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), 45.000 pessoas participaram do ato que, diante das revelações das delações premiadas de executivos da JBS, pedia a saída de Temer do cargo. Conforme os movimentos sociais e centrais sindicais que organizaram o protesto, havia 150.000 pessoas na Esplanada dos Ministérios.
De acordo com a SSP, três manifestantes foram presos por porte de drogas e porte de arma branca, um por porte de arma branca, dois por resistência e pichação, um por lesão corporal e resistência e um por desacato, todos encaminhados ao Departamento de Polícia Especializada (DPE). Ainda de acordo com a Secretaria de Segurança, um dos militantes se feriu ao tentar atingir um policial com um rojão, que explodiu em suas mãos.
Durante o conflito entre manifestantes e policiais militares foram registradas imagens de pelo menos dois PMs empunhando armas de fogo. Uma pessoa foi baleada e, segundo a SSP, não corre risco de vida. Um vídeo publicado pelo site do jornal O Globo mostra um dos agentes indo de encontro aos manifestantes e atirando para o alto seguidas vezes. Outro, também armado, atira em direção aos militantes. A Secretaria de Segurança afirma que abrirá inquérito para investigar a conduta dos PMs que usaram suas armas no conflito. “Este procedimento não é adotado em manifestações. Os incidentes e as responsabilidades serão apuradas”, diz a pasta.
Por meio de nota, o governador Rollemberg afirma que “a Polícia Militar do Distrito Federal agiu de acordo com o Protocolo Tático Integrado, assinado pelos governos federal e distrital, no mês passado, em que a segurança dos prédios públicos federais ficou sob a responsabilidade da União. Em todas as 151 manifestações nos últimos dois anos, as forças de segurança federal e distrital agiram de maneira integrada e colaborativa. Em todas as ocasiões a Polícia Militar agiu com eficácia e eficiência, demonstrando estar plenamente apta ao regular desempenho de sua missão constitucional. Eventuais excessos serão rigorosamente apurados”.
Com confronto entre militantes e policiais na Esplanada dos Ministérios, os ministérios da Agricultura, da Integração Nacional, da Cultura e do Planejamento tiveram focos de incêndio e vândalos também depredaram os prédios de outras oito pastas. Todos os ministérios foram evacuados por questão de segurança, a pedido do Palácio do Planalto, e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) deu início a um protocolo que prevê a liberação dos servidores. A Polícia também identificou depredação na Catedral de Brasília.
Enquanto militantes e policiais entravam em confronto na Esplanada, o presidente Temer assinou um decreto de Garantia da Lei a da Ordem, publicado em edição extra do Diário Oficial da União, que convoca as Forças Armadas a patrulharem as ruas do Distrito Federal durante uma semana, até o dia 31 de maio (leia aqui o decreto). Para cumprir o decreto assinado por Michel Temer, o Ministério da Defesa enviou para a Esplanada dos Ministérios e palácios do governo nesta tarde um contingente de 1.300 soldados do Exército e 200 fuzileiros navais.
A publicação da ordem presidencial gerou tensão política no Congresso. No pronunciamento em que anunciou a medida, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, atribuiu o decreto a uma solicitação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Após o anúncio, houve empurra-empurra generalizado no plenário da Câmara entre deputados governistas e da oposição, iniciado pelos deputados Glauber Braga (PSOL-RJ) e Darcísio Perondi (DEM-RS). Diante da confusão, a sessão foi suspensa por 30 minutos.
Ao reabrir os trabalhos no plenário, Maia fez um duro discurso contra o fato de a convocação do Exército ter sido ligada a um pedido dele. Ele ressaltou que pediu apenas o auxílio da Força Nacional de Segurança Pública. “Se o governo decidiu adotar outra medida, essa outra medida é responsabilidade do governo. Não é uma responsabilidade que possa e nem deva ser da Câmara”, disse. O democrata pediu ao líder do governo na Casa, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que entrasse em contato com Jungmann para “restabelecer a verdade”.
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