A mudança anunciada dizia respeito, exatamente, ao espaço feminino reservado no concurso. Das 4200 vagas, somente 5% estava destinado às mulheres e, de acordo com o líder do governo, a proposta é ampliar para 20%. “Ao todo, 66.147 homens concorrem a 3.990 vagas no concurso em questão. Com isso, a concorrência masculina está de 16 candidatos para cada vaga. Enquanto 15.527 mulheres disputam outras 210 vagas, causando a concorrência muito maior de 73 candidatas por vaga”.
A ampliação, conforme explicou, aumentaria, sem prejuízos, a disputa masculina, passando dos atuais 16 por um, para 19 por um, mesma relação que sobraria para as mulheres. “Já me reuni com a vice-governadora, Izolda Cela, e ela sugeriu o aumento das cotas femininas como solução administrativa para essa disparidade”, disse, acrescentando que a vice-governadora teria entendido as ponderações e estaria comprometida com a causa. “Com apoio dela e do governador Camilo Santana, vamos à luta por mais isonomia e participação das mulheres em todos os segmentos da sociedade, inclusive na gloriosa Polícia Militar do Estado do Ceará”, colocou. “Também já consultamos a Procuradoria-Geral do Estado para tratar das questões legais que envolvem o pleito”, relatou.
Para o pedetista, se hoje há redução nas estatísticas de crimes violentos no Ceará, isso se dá porque há um conjunto de atores envolvidos em diversas frentes, de forma planejada e articulada. “Isso só é possível porque dispomos de uma polícia equipada e que desde o governo de Cid Gomes tem o seu efetivo gradativamente dentro dos limites do Estado”.
Ele explicou que, desde 2007, pelo menos mil novos soldados ingressaram na Polícia Militar por ano, atingindo o número aproximado de nove mil os que foram formados nos governos de Cid Gomes e Camilo Santana. “No decorrer do processo, no entanto, ficou uma lacuna. A participação feminina na corporação. Atualmente, apenas poucos mais de 3% do efetivo da Polícia Militar são mulheres. Isso vem há mais de duas décadas, enquanto a escalada das mulheres criminosas ganha cada vez mais espaço”.
Ampliar as vagas no concurso, conforme Evandro Leitão, é uma alternativa possível porque, até o fim do ano deve haver promoções de um número “bastante relevante” de soldados a cabos. “Portanto, os postos serão desocupados nos quadros da PM, e, dessa forma, não haverá a necessidade da criação de novos cargos, especialmente para contemplar policiais femininas”.
Fechando seu discurso, Evandro Leitão antecipou que prepara projeto a ser apresentado na Assembleia, sugerindo a criação de um Batalhão Feminino. “O Ceará Pacífico tem a perspectiva de uma polícia humanizada e nada melhor do que a sensibilidade feminina para mediar situações de conflitos. Meu gabinete está fazendo um levantamento dos cargos necessários e do impacto financeiro para discutirmos essa possibilidade com o Executivo”, adiantou.
Em apartes, os deputados Roberto Mesquita (PSD) e Rachel Marques (PT) parabenizaram a liderança do governo pela iniciativa. “Agora esperamos que o governo de quem o senhor é líder aqui na Assembleia, possa ouvir seu discurso. Mas está de parabéns por se posicionar e falar em quebra de preconceitos”, disse Mesquita.
Rachel avaliou que cada vez mais as mulheres participam da vida pública, ocupando espaços e poderes. “Queremos participar porque temos a mesma capacidade dos homens e podemos desempenhar muito bem essas atividades. Principalmente em questões específicas como em casos de violência sexual ou doméstica, onde a mulher se sente constrangida em ser atendida por um homem quando vai a delegacia. Acredito que teremos uma polícia mais humanizada, mas igualmente capaz da atuar de maneira firma quando preciso”, disse a petista.
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