Por André Costa /José Avelino Neto - Colaboradores do DN
Juazeiro do Norte. Manifestantes se posicionaram contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à regulamentação das vaquejadas no Estado. Neste município, na região do Cariri, mais de 200 vaqueiros, segundo a organização, se reuniram, na Praça Feijó de Sá, conhecida como Giradouro. Um dos organizadores, o juiz de vaquejada Chico Matias, ressaltou que "a prática é uma cultura quase secular e movimenta milhões de reais por ano". Ele discorda do argumento defendido pelos ministros do STF, de maus-tratos aos animais e destacou que "os verdadeiros amantes do esporte zelam pela integridade e bem-estar dos animais, muitos deles que chegam a custar mais de meio milhão de reais".
Segundo o criador e vaqueiro Wiltson Maia, "o objetivo é chamar a atenção dos políticos, além de mostrar que milhares de pessoas sobrevivem da vaquejada". Chico Matias adverte que, com a proibição do STF, "quebra-se uma cadeia produtiva, que emprega milhares de pessoas".
"Muitos dependem deste esporte e não me refiro só aos vaqueiros. Existem os empresários que vendem ração e materiais exclusivos para os bois e cavalos, os promotores das grandes vaquejadas, os ambulantes, os criadores de cavalos e seus funcionários, enfim, é uma cadeia ampla que irá ser quebrada por falta de conhecimento. A vaquejada é, além de um esporte, uma tradição nordestina", ponderou.
O ato também foi realizado em Brejo Santo, com a presença de centenas de vaqueiros e cerca de 400 carros e caminhões, o que resultou na interdição parcial da BR-116; e em Crato, com cortejo saindo do bairro Palmeiral até o Centro.
Centro-Sul
O maior ato nesta região aconteceu na cidade de Iguatu. Cerca de 300 vaqueiros e cavaleiros, além de dezenas de veículos (motos, caminhões e carros) participaram da mobilização nacional em favor da manutenção da vaquejada como atividade de esporte e cultura. Os manifestantes concentram-se no Parque de Exposições do Rotary Club e depois seguiram em caminhada pelas ruas da cidade.
Dois trios elétricos conduziram o ato público com discursos, música e aboios (canto de condução de animais bovinos com rima em favor da vaquejada). O empresário e promotor de vaquejada Anderson Teixeira lamentou a decisão do STF. "Há desembargadores que não sabiam o que estavam votando. Onde se fala que há maus-tratos, vejo amor, cuidado com os animais", disse. Houve ainda manifestação em Orós, em frente à Prefeitura; e em Icó, com interdição da BR-116 por 40 minutos.
Sertão Central
Em Quixeramobim, foram cerca de 300 vaqueiros, segundo a organização. Montados, os manifestantes tomaram as principais ruas da cidade em um cortejo que foi encerrado em frente ao Hospital Regional do Sertão Central (HRSC). O presidente da Associação de Vaqueiros do Sertão Central, Sérgio Almeida, lamentou a decisão, lembrando que a atividade gera renda.
"Somente nessa região eram de quatro a cinco mil pessoas com emprego. A vaquejada movimenta muitos setores e nós vamos sensibilizar as autoridades para mostrar que não é o que mostram a mídia", afirmou. O vice-presidente da Associação Brasileira de Vaquejadas (Abvaq), Marcos Lima, considerou as manifestações como "um pedido de socorro dos vaqueiros e das outras pessoas que serão atingidas pela medida do STF".
Vaquejadas
Questionado sobre o futuro dos eventos que já estavam programados, que organiza vaquejadas há 21 anos, em vários Estados, afirmou "que antes de pensar em cancelar tudo, a intenção é reverter essa decisão do STF". Já no entendimento do advogado e vaqueiro Iago Veira, não há proibição. "O Supremo apenas considerou a Lei do Ceará inconstitucional. É preciso haver uma Lei proibindo. Se não há lei, está permitido", pontuou.
Entretanto, diante da medida do Supremo, o Ministério Público Federal no Ceará (MPF-CE) afirmou que, a partir de agora, qualquer vaquejada configura-se como crime ambiental, "e o aparato policial deve reprimir essa conduta, inclusive com prisões em flagrante".
No dia 25, vaqueiros e organizadores de vaquejada vão realizar protesto em frente ao Congresso Nacional. "A vaquejada não maltrata animais, medidas de proteção foram adotadas nos últimos anos", disse o empresário e criador Sony Nunes.
FIQUE POR DENTRO
Lei cearense foi julgada, pelo STF, inconstitucional
Por seis votos a cinco, o STF julgou, na última quinta-feira (6), inconstitucional a Lei do Ceará que regulamentava a vaquejada como prática esportiva e cultural. O relator da matéria, ministro Marco Aurélio, afirmou que laudos técnicos contidos no processo demonstram consequências nocivas à saúde dos animais. O argumento foi compartilhado pela maioria do STF. Já para o ministro Edson Fachin, que votou pela improcedência da ação, "a vaquejada consiste em manifestação cultural". Com a medida, a vaquejada passa a ser ilegal no Ceará, Estado que realiza mais de 700 provas por ano. Vaqueiros de outros Estados temem que a proibição abra caminho para que a atividade também chegue ao fim no restante do Brasil.
Segundo o criador e vaqueiro Wiltson Maia, "o objetivo é chamar a atenção dos políticos, além de mostrar que milhares de pessoas sobrevivem da vaquejada". Chico Matias adverte que, com a proibição do STF, "quebra-se uma cadeia produtiva, que emprega milhares de pessoas".
"Muitos dependem deste esporte e não me refiro só aos vaqueiros. Existem os empresários que vendem ração e materiais exclusivos para os bois e cavalos, os promotores das grandes vaquejadas, os ambulantes, os criadores de cavalos e seus funcionários, enfim, é uma cadeia ampla que irá ser quebrada por falta de conhecimento. A vaquejada é, além de um esporte, uma tradição nordestina", ponderou.
O ato também foi realizado em Brejo Santo, com a presença de centenas de vaqueiros e cerca de 400 carros e caminhões, o que resultou na interdição parcial da BR-116; e em Crato, com cortejo saindo do bairro Palmeiral até o Centro.
Centro-Sul
O maior ato nesta região aconteceu na cidade de Iguatu. Cerca de 300 vaqueiros e cavaleiros, além de dezenas de veículos (motos, caminhões e carros) participaram da mobilização nacional em favor da manutenção da vaquejada como atividade de esporte e cultura. Os manifestantes concentram-se no Parque de Exposições do Rotary Club e depois seguiram em caminhada pelas ruas da cidade.
Dois trios elétricos conduziram o ato público com discursos, música e aboios (canto de condução de animais bovinos com rima em favor da vaquejada). O empresário e promotor de vaquejada Anderson Teixeira lamentou a decisão do STF. "Há desembargadores que não sabiam o que estavam votando. Onde se fala que há maus-tratos, vejo amor, cuidado com os animais", disse. Houve ainda manifestação em Orós, em frente à Prefeitura; e em Icó, com interdição da BR-116 por 40 minutos.
Sertão Central
Em Quixeramobim, foram cerca de 300 vaqueiros, segundo a organização. Montados, os manifestantes tomaram as principais ruas da cidade em um cortejo que foi encerrado em frente ao Hospital Regional do Sertão Central (HRSC). O presidente da Associação de Vaqueiros do Sertão Central, Sérgio Almeida, lamentou a decisão, lembrando que a atividade gera renda.
"Somente nessa região eram de quatro a cinco mil pessoas com emprego. A vaquejada movimenta muitos setores e nós vamos sensibilizar as autoridades para mostrar que não é o que mostram a mídia", afirmou. O vice-presidente da Associação Brasileira de Vaquejadas (Abvaq), Marcos Lima, considerou as manifestações como "um pedido de socorro dos vaqueiros e das outras pessoas que serão atingidas pela medida do STF".
Vaquejadas
Questionado sobre o futuro dos eventos que já estavam programados, que organiza vaquejadas há 21 anos, em vários Estados, afirmou "que antes de pensar em cancelar tudo, a intenção é reverter essa decisão do STF". Já no entendimento do advogado e vaqueiro Iago Veira, não há proibição. "O Supremo apenas considerou a Lei do Ceará inconstitucional. É preciso haver uma Lei proibindo. Se não há lei, está permitido", pontuou.
Entretanto, diante da medida do Supremo, o Ministério Público Federal no Ceará (MPF-CE) afirmou que, a partir de agora, qualquer vaquejada configura-se como crime ambiental, "e o aparato policial deve reprimir essa conduta, inclusive com prisões em flagrante".
No dia 25, vaqueiros e organizadores de vaquejada vão realizar protesto em frente ao Congresso Nacional. "A vaquejada não maltrata animais, medidas de proteção foram adotadas nos últimos anos", disse o empresário e criador Sony Nunes.
FIQUE POR DENTRO
Lei cearense foi julgada, pelo STF, inconstitucional
Por seis votos a cinco, o STF julgou, na última quinta-feira (6), inconstitucional a Lei do Ceará que regulamentava a vaquejada como prática esportiva e cultural. O relator da matéria, ministro Marco Aurélio, afirmou que laudos técnicos contidos no processo demonstram consequências nocivas à saúde dos animais. O argumento foi compartilhado pela maioria do STF. Já para o ministro Edson Fachin, que votou pela improcedência da ação, "a vaquejada consiste em manifestação cultural". Com a medida, a vaquejada passa a ser ilegal no Ceará, Estado que realiza mais de 700 provas por ano. Vaqueiros de outros Estados temem que a proibição abra caminho para que a atividade também chegue ao fim no restante do Brasil.
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Ceará