No Mondubim, famílias de um prédio de 16 apartamentos estão tendo de gastar com a instalação de caixas de água, além da inserção de torneiras no térreo para cada condômino, pois a água não sobe para as caixas há 18 dias. Para se ter dimensão do problema, eles estão gastando R$600 com um profissional para realizar o serviço e com a compra de material.
No apartamento da moradora Marconia Vieira, baldes e vasilhas estão espalhados pela cozinha e nos banheiros. Duas vezes no dia, o marido da corretora de moda precisa encher recipientes em uma torneira no jardim do prédio, pois a água não enche a caixa de água do apartamento.
"Além disso, estamos tendo que comprar mais água para poder cozinhar e lavar os utensílios domésticos. Não sei como vai ser quando aumentarem a tarifa de contingência", conta a moradora. A situação é ainda pior para quem reside no andar superior do prédio, que precisa subir uma enorme escadaria com baldes.
As moradias possuem medidores individuais. Mas, nos últimos meses, o síndico do prédio, Edson Dias, destacou que a conta de água do condomínio aumentou, além de ter ultrapassado o valor de redução mensal, sofrendo com a tarifa de contingência em 10%. "Todo mundo está utilizando a água da torneira do jardim para encher os baldes. Com isso, a conta do prédio aumentou". Os moradores dizem não saber mais o que fazer para reduzir a conta de água. Dizem também que estão sofrendo um racionamento velado.
Qualidade
No Bairro Damas, clientes da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) estão com problemas de falta de água pelo menos três vezes na semana, além de estarem receosos com água que sai das torneiras. Na noite de ontem, a professora Marilêda Veríssimo registrou imagens da água de cor marrom e com resíduos. Em várias ruas do bairro, os moradores reclamam da falta de água quase que todo dia. "Desde o inicio do ano, a gente repara que a água está vindo com uma cor escura. Só que essa semana veio mais forte", ressalta a professora.
Para o professor da Universidade Federal do Ceará, Assis Sousa Filho, do Laboratório de Gerenciamento Climático e Recursos Hídricos, o cearense não vai conseguir atingir totalmente a nova medida. "No máximo, vão conseguir 15%. Não temos mais estrutura para isso. A água que abastece Fortaleza e RMF já vem de longe", destaca.
Na sua avaliação, a medida é uma punição e, ao mesmo tempo, incentivo para que os clientes comecem a se conscientizar. Assis também argumenta que o certo seria que houvesse a mudança de pressão em alguns trechos da rede, com cuidado maior para as regiões periféricas, onde estão localizadas as famílias mais carentes. "O incentivo econômico é importante, mas temos que nos alertar para uma possível restrição física de água", alertou.
Cagece
A Cagece informou que vem realizando um trabalho permanente de educação ambiental e de cuidados com a água para os mais diversos públicos, além de divulgar dicas de economia para a população de uma forma geral. Diante desse quadro crítico, foi lançada a campanha "Todos pela Água", com intensificação das ações de sensibilização junto à população.
Sobre o prédio no Mondubim, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará comunicou que a ocorrência é um caso pontual de baixa pressão na rede. Como alternativa para melhorar o abastecimento, estão providenciando a execução de uma rede de reforço de 100mm com extensão de 150m. Já sobre a residência no bairro Damas, foi realizado a troca emergencial de um registro danificado na região, o que gerou desabastecimento momentâneo na área. A companhia informa que a situação já foi solucionada.
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