-->

Jaguaribara vive um momento difícil



Da velha cidade, onde os moradores se diziam muito mais felizes e realizados que hoje, sobraram escombros descobertos pela maior seca enfrentada desde a construção do açude ( Fotos: Ellen Freitas )





Jaguaribara. No próximo mês de setembro esta cidade completa 15 anos de mudança da sua sede. Entretanto, para os moradores, o momento tem sido mais o de lamentar do que de comemorar, pois afinal a nova realidade deixou a vida de alguns com mais dificuldades do que a vivida anteriormente.
A construção da barragem foi questionada pelos moradores de Jaguaribara desde as discussões com a comunidade, em 1985. Após dez anos de resistência da população, a ordem de serviço para a construção do açude foi assinada em 1995.
A promessa, segundo contam, é de que o açude serviria para trazer desenvolvimento para o Baixo e Médio Jaguaribe, além de servir também para o controle de cheias, que era um problema nos anos de muita chuva, e para irrigar a região, trazendo prosperidade e riqueza para o Interior.
Redenção
"O Castanhão era a redenção, haveria oportunidade de trabalho para os moradores na nova cidade, onde ninguém passaria dificuldades", conta o cordelista e poeta Edberto Carneiro, frustrado em encontrar, na realidade, uma lista de promessas não cumpridas, ao mesmo tempo em que vê a cidade padecendo sem emprego e sem oportunidade para as novas gerações.
Ele conta que, na época, a cidade vivia seu melhor momento. Os moradores estavam mais engajados em atividades de cultura e de lazer. O Rio Jaguaribe, que passava ao lado do centro urbano, era de onde os moradores tiravam sua fonte de renda, que vinha da pesca, agricultura ou da criação de animais, tudo ajudava a desenvolver os pequenos comércios e o crescimento da população de cerca de 10 mil habitantes, na época. "Foi muito sofrimento ter que sair de lá, não sabíamos como seria aqui e só podíamos confiar nas promessas dos governantes de que tudo seria melhor".
Dentre as promessas não cumpridas, ele diz que a indústria para geração de empregos na nova cidade não foi cumprida. A principal fonte de renda até então era a piscicultura que, com o baixo nível do açude, tem sido insustentável manter.
Memória
Carneiro tem sido responsável por guardar um pedaço da velha Jaguaribara e apresentá-lo às novas Gerações. Na antiga instalação da empresa Galvão, responsável pela construção da Barragem, é onde está a Casa da Memória, com os documentos, objetos, fotografias, tudo doado por moradores, acervo que remete ao modo de vida da antiga cidade. Ele se emociona quando fala das memórias e do esforço que faz para mantê-las vivas. "Enquanto eu tiver vida, vou preservar e guardar o pedaço que restou da nossa cidade", conta.
As comunidades da zona rural de Jaguaribara, antes ribeirinhas do Rio Jaguaribe, não esperavam passar por um problema já que foram reassentadas nas proximidades do maior açude do Estado: conviver com a falta de água.
Segundo Evanilson Maia, militante do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), e morador do assentamento de Barra II, as famílias, antes moradoras da zona rural, não foram lembradas na construção da barragem.
"O governo, na época se preocupou em construir uma cidade nova e transferir o pessoal da zona urbana. Como eles achavam que o açude ia demorar pra encher, não se preocuparam em priorizar também os moradores da zona rural", conta.
Entretanto, o açude, que era para encher em quatro anos, atingiu sua cota máxima em dois, e a água expulsou os moradores da zona rural de suas casas, muitos perderam animais e os reassentamentos foram construídos às pressas. As cerca de 30 comunidades rurais da velha Jaguaribara foram reduzidas a dez e atualmente muitas passam por dificuldades de abastecimento de água.
ENQUETE
Qual é o sentimento após esses 15 anos?
"A gente confiou muito nas promessas que foram feitas pelo governo e hoje estamos pagando o preço por isso. Acho que o sentimento de todos os atingidos é que fomos lesados pelo Estado"
Evanilson Maia
MAB
"No começo foi difícil mudar, com o tempo, financeiramente, foi bom, mas deixamos muita coisa pra trás. Coisas que vivíamos na nossa comunidade e que não teremos nunca mais em nossas vidas"
Josieliton Dantas
Irrigante
Fonte Diário do nordeste

Luciano Almeida

Olá, sou o Luciano Almeida e é um prazer me apresentar a vocês. Tenho 41 anos e sempre vivi em Quixeré, uma cidade que conheço como a palma da minha mão. Sou um rapaz negro de pele clara, apaixonado por desenho, leitura e fotografia! Foi essa paixão que me inspirou a criar este blog. Aqui, meu objetivo é trazer informações relevantes para o Vale do Jaguaribe, uma região situada no centro-leste do Ceará, e também compartilhar um pouco do dia a dia dos jaguaribanos. Vou abordar temas como educação, saúde, cultura e, especialmente, a importância de sermos reconhecidos como cidadãos, com nossas próprias opiniões e vontades. Quero explorar nossa identidade neste mundo e como nos conectamos a ela. Além disso, pretendo destacar lugares interessantes nas cidades da região. Todos os dias, aqui no Jornal Vale em Destaque, você encontrará novidades fresquinhas para ficar bem informado.

Estamos felizes por você ter escolhido deixar um comentário. Tenha em mente que os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato