Nos 35 dias de gestão interina do peemedebista caíram também Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência). Os dois deixaram o governo em razão da divulgação dos áudios de Machado que mostravam a discussão sobre medidas para barrar a Lava-Jato.
Em relação a Alves, a saída aconteceu a pedido do próprio ministro e ocorreu mais em razão de denúncias que estão por vir do que a delação de Machado em si. Ele era um dos mais próximos auxiliares de Temer.
O ex-presidente da Transpetro disse ter pago ao peemedebista R$ 1,55 milhão em propinas através de doações feitas pela empreiteira Queiroz Galvão e pela Galvão Engenharia. Os repasses, segundo ele, foram feitos entre os anos de 2008 e 2014, quando Alves era deputado e chegou a ocupar a cadeira de presidente da Câmara. Ele nega as acusações.
Mas o receio do Planalto é quanto ao conteúdo das delações que ainda não vieram à público, como a do empreiteiro Marcelo Odebrecht, de Léo Pinheiro, da OAS, e a de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa Econômica. A saída foi, nesse sentido, uma medida preventiva do governo, relataram auxiliares do presidente em exercício.
Ela foi acertada na noite de quarta, após Temer e Alves se reunirem no Palácio do Planalto por cerca de 20 minutos. Ali, avaliaram o impacto da situação do ministro para o governo e conversaram sobre a possibilidade de seu pedido de demissão.
Alves já era alvo de assessores de Temer, que recomendavam ao presidente interino a demissão como uma antecipação dos desgastes provocados pela Lava-Jato ao governo. Com a expectativa de novos problemas, Alves telefonou para Temer pouco antes das 16h e anunciou a saída, que foi recebida com alívio.
O ex-ministro é, por ora, alvo de dois pedidos de abertura de inquérito na Lava-Jato. Um deles, junto com o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com base em trocas de mensagens com o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro. Alves nega as acusações.
Carta de demissão
Até segunda ordem, quem fica no comando da pasta é o interino Alberto Alves. A Temer, o ex-ministro do Turismo agradeceu a "lealdade, amizade e compromisso de uma longa vida política e partidária" e disse que estará sempre ao lado dele. "Sabendo que sempre estaremos juntos nessa trincheira democrática em busca de uma nação melhor".
Na carta de demissão endereçada a Michel Temer, ele afirmou que deixou o cargo na Esplanada para não "criar constrangimentos ou qualquer dificuldade para o governo".
Henrique Eduardo Alves classificou a gestão interina de Michel Temer como de "salvação nacional". Segundo o agora ex-ministro, o PMDB foi "chamado para tirar o Brasil da crise".
O peemedebista disse estar seguro de que "todas as ilações" envolvendo o seu nome serão esclarecidas. "Confio nas nossas instituições e no nosso estado democrático de direito", disse.
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