-->

Mulheres contam por que escolheram dizer "não" à depilação

Mulheres contam por que escolheram dizer "não" à depilação


A estudante Thaís Cordeiro garante: não se sente constrangida com os olhares (Foto: Elisa de Souza/G1)
Publicidade


Cera quente, fria, lâminas e cremes depilatórios? Não, obrigada. No Rio, um grupo de mulheres deixou para trás a depilação e garante: prefere seus corpos assim, assumindo todos os pelos, sem dor nem desconforto.

A tendência de axilas, pernas ou virilhas peludas – sem regras – tem sido difundida com o auxílio de redes sociais e grupos feministas. Em entrevistas, adeptas do estilo falaram sobre as vantagens de não se depilar e o efeito de estranhamento que isso ainda causa em algumas pessoas.

A publicitária Julia Senna, de 23 anos, há dois resolveu deixar para trás a depilação. “No começo, eu ficava preocupada com o julgamento das pessoas. Incomodava que as pessoas ligassem isso à falta de higiene”, conta.

“Aos poucos, comecei a me libertar. Olhavam no ônibus e tal e percebi que, sei lá, ninguém tinha nada com isso. Depois usei blusinha em uma festa, depois com os amigos e família. Hoje não existe nenhuma situação que me cause constrangimento”, diz ela, que conta que cerca de 50% das meninas de seu convívio também não se depilam mais.

“Em grupos feministas no Facebook, fui tendo contato com a vivência de outras meninas que faziam o mesmo e percebi como simplesmente natural. Não fico tentando converter amigas nem nada, mas acho que é normal que você acabe naturalizando e aceitando melhor algo que você vê e por isso mais meninas vão aderindo, por ver mais”, opina.

A estudante de Relações Internacionais, Thaís Cordeiro, de 23 anos, que sempre foi alérgica à cera e à lâmina, conta que estar em grupos feministas também a ajudou a deixar, há mais de um ano, a depilação no passado.

“Sempre senti muita dor, desconforto, além de ser super caro, enfim: um saco. Influenciou bastante ver outras meninas, notei como a minha percepção de mim era totalmente diferente em relação a outras meninas. Eu não só não achava feio no corpo delas, como admirava”, conta ela.

Ela também garante que os olhares curiosos não a deixam constrangida. “Uma vez no aeroporto aqui no Rio, parecia que uma menina ia vomitar quando viu, foi engraçado. Quando percebo que alguém está olhando, faço questão de levantar o braço, me espreguiçar, deixo claro que o desconforto está na pessoa e não em mim”, afirma ela, que conta que foi questionada por amigas e pela família quando decidiu deixar os pelos naturais.

“O que o seu namorado acha disso?”, essa foi a pergunta que a estudante de moda Julia Souza ouviu da avó quando decidiu, em dezembro de 2015, que não iria mais depilar os sovacos. O namorado não se importou nem um pouco. E ela não só gosta como se sente até mais protegida do assédio na rua.

“Uma vez eu estava passando em um bar e um cara ficou chamando de gostosa, falando gracinha. Levantei o braço e foi como um bloqueador de assédio instantâneo, ele ficou com uma cara de nojo e parou de falar na hora. Ótimo”, diz.

Julia Senna, no entanto, teve uma experiência desagradável. “Em janeiro deste ano, eu estava na praia da Barra, com a minha namorada, sem fazer nada, e um cara da barraca do lado começou a gritar, falando ‘olha o seu sovaco, é igual ao meu’. A crítica dele era pelo meu corpo ser como o dele! E ele ficou insistindo nisso, foram três horas dele falando, encarando até que ele resolveu ir embora”, relembra.

A sexóloga e professora da Uerj Regina Moura afirma que o aumento de meninas que vem mantendo seus pelos tem a ver com a discussão feminista estar tão em voga no momento atual. “Há a questão feminista e a retomada de estéticas mais naturais. Por exemplo, boa parcela das meninas negras já não alisam mais o cabelo, assumem seus blacks. Há um movimento de aceitar o corpo como ele é”, diz ela.

“Eu vejo como uma resposta a uma estética imposta, é uma maneira de se colocar no mundo que é diferente, que rompe com aquela imposta pela estética masculina", resume.

G1

Luciano Almeida

Olá, sou o Luciano Almeida e é um prazer me apresentar a vocês. Tenho 41 anos e sempre vivi em Quixeré, uma cidade que conheço como a palma da minha mão. Sou um rapaz negro de pele clara, apaixonado por desenho, leitura e fotografia! Foi essa paixão que me inspirou a criar este blog. Aqui, meu objetivo é trazer informações relevantes para o Vale do Jaguaribe, uma região situada no centro-leste do Ceará, e também compartilhar um pouco do dia a dia dos jaguaribanos. Vou abordar temas como educação, saúde, cultura e, especialmente, a importância de sermos reconhecidos como cidadãos, com nossas próprias opiniões e vontades. Quero explorar nossa identidade neste mundo e como nos conectamos a ela. Além disso, pretendo destacar lugares interessantes nas cidades da região. Todos os dias, aqui no Jornal Vale em Destaque, você encontrará novidades fresquinhas para ficar bem informado.

Estamos felizes por você ter escolhido deixar um comentário. Tenha em mente que os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato