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Chuva desaparece e causa perda total do plantio em fevereiro


FONTE DN/  por Honório Barbosa - Colaborador
A Funceme ampliou de 65% para 70% a chance das chuvas ficarem escassas nos próximos três meses

Agricultor aponta para o céu à espera de chuvas fortes, que contrariem as previsões até aqui corretas divulgadas pela Funceme ( Foto: Honório Barbosa )
Iguatu. No dizer dos produtores rurais, o Ceará enfrenta duas secas neste ano: uma referente à perda do plantio, que já é total, e a outra da escassez de água para o consumo humano e animal. Na verdade, o Estado caminha para o quinto ano seguido de chuvas abaixo da média. A estiagem castiga o sertão, arranca lágrimas de agricultores idosos, deixa a terra árida, as folhas de milho, feijão e capim murchas, mata a lavoura e invade de desespero o coração do sertanejo.


"Está tudo perdido, não há mais o que se fazer", diz o agricultor, Manoel Benigno Uchoa, 75 anos, morador do sítio Croatá, na zona rural deste município, na região Centro-Sul do Ceará. Nos últimos 40 dias, ele mantém a rotina de caminhar diariamente de casa para o roçado de milho e feijão para fazer o serviço de roço e combater o ataque de lagartas. "Este mês de fevereiro foi ingrato. Não caiu uma gota d'água. Nunca vi uma coisa assim. Antes a seca era só de um ano, dois e a chuva voltava".
Segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o mês de fevereiro termina com o registro de chuva bem abaixo da média - 43,2%. Para o período eram esperados 118.6mm, mas choveu somente 67.4 São dados parciais, pois este ano é bissexto e o mês termina hoje, mas a estatística reflete toda a tendência da escassez de chuva que castigou o sertão cearense no primeiro mês da quadra invernosa (fevereiro a maio).
Para o próximo trimestre, as previsões não são nada animadoras. O fenômeno El Niño permanece influenciando a quadra invernosa no Semiárido, afastando a ocorrência das chuvas. A temperatura superficial das águas do Oceano Atlântico também está desfavorável. "Deveria estar mais aquecida, no Atlântico Sul", observa o meteorologista da Funceme, Raul Fritz.
A análise de vários modelos e dos dados meteorológicos levou a Funceme a ampliar de 65% para 70% a chance das chuvas ficarem escassas nos próximos três meses. "O cenário é desfavorável", disse Fritz. "Infelizmente, estamos caminhando para o quinto período de seca". O El Niño permanece intenso e só deve refluir a partir de maio, mas já não é mais período de chuvas no sertão cearense.
"Podem ocorrer eventos isolados de chuva ou quem sabe outro sistema passar a atuar e trazer precipitações, pois as condicionantes do Atlântico mudam com mais rapidez, mas isso é pouco provável", sentencia Fritz. Afinal, a Funceme não previu a ocorrência de intensas chuvas na segunda quinzena de janeiro passado, mas elas vieram com tudo.
Grãos murcharam
A área de dois hectares de milho e feijão cultivada no fim de janeiro por Manoel Benigno é um retrato de milhares de roças no sertão cearense. Os grãos murcharam e se perderam. "Está tudo perdido", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Evanilson Saraiva. "Em algumas áreas, o feijão ainda se sustenta mais três, quatro dias, mas se não chover logo, não há o que se fazer".
A preocupação a partir de agora não é mais com a lavoura das culturas de subsistência. Depois de cinco anos de safra perdida, os agricultores estão desmotivados, sem esperança e sem coragem de fazer um novo cultivo se houver retomada das precipitações. Tiveram prejuízo no primeiro roçado. "O temor é com a falta de água para os bichos, para a gente mesmo", disse o produtor, André Ferreira, da localidade de Gadelha. A maioria dos pequenos e médios açudes permanece sem água. "Aqui ninguém pensa mais em agricultura, está tudo acabado, é mais barato comprar feijão, arroz e milho do que plantar, a nossa luta é para conseguir água".
ENQUETE
Ainda há chance de salvar a lavoura?
"Não há mais o que fazer no campo. Plantamos, limpamos o roçado, mas a seca castigou mais uma vez a plantação; as folhas estão murchando, a lagarta atacou e a terra secou. Tudo se perdeu ou está se perdendo"
Luis Ferreira - Agricultor
"O plantio de milho já está todo perdido. Parte do feijão ainda pode ir para frente se chover até quarta-feira. Quem plantou em janeiro perdeu tudo, porque as chuvas não vieram em fevereiro"
Manoel Benigno Uchoa - Agricultor
Mais informações:
Funceme
Avenida Rui Barbosa, 1246
Aldeota
Fone: (85) 3101. 1117
Www.Funceme.Br

Luciano Almeida

Olá, sou o Luciano Almeida e é um prazer me apresentar a vocês. Tenho 41 anos e sempre vivi em Quixeré, uma cidade que conheço como a palma da minha mão. Sou um rapaz negro de pele clara, apaixonado por desenho, leitura e fotografia! Foi essa paixão que me inspirou a criar este blog. Aqui, meu objetivo é trazer informações relevantes para o Vale do Jaguaribe, uma região situada no centro-leste do Ceará, e também compartilhar um pouco do dia a dia dos jaguaribanos. Vou abordar temas como educação, saúde, cultura e, especialmente, a importância de sermos reconhecidos como cidadãos, com nossas próprias opiniões e vontades. Quero explorar nossa identidade neste mundo e como nos conectamos a ela. Além disso, pretendo destacar lugares interessantes nas cidades da região. Todos os dias, aqui no Jornal Vale em Destaque, você encontrará novidades fresquinhas para ficar bem informado.

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