Pela segunda vez consecutiva um brasileiro conquista o título mundial de surfe. Adriano de Souza, o Mineirinho, teve uma atuação brilhante na decisiva etapa de Pipeline, no Havaí (Estados Unidos), ganhou o evento e superou o favorito australiano Mick Fanning - graças também à ajuda do compatriota e amigo Gabriel Medina, que eliminou o rival na semifinal.
"Cheguei ao topo do mundo graças a R$ 30, que foi o valor que o meu irmão pagou para comprar a minha primeira prancha quando a gente não tinha condição de ter um gasto desses. Dedico essa vitória a ele", afirmou Mineirinho, que foi carregado por dezenas de brasileiros que estavam em Pipeline.
O surfista do Guarujá (SP) sabia que precisava terminar a última etapa do Circuito Mundial à frente de Fanning, que chegou ao evento como líder e via em outro brasileiro, Filipe Toledo, seu maior adversário. Só que Filipinho caiu na 3ª fase e deixou o caminho aberto para o australiano, que despachou dois especialistas em Pipeline em fases decisivas: Jamie O'Brien e Kelly Slater.
Aos 34 anos, Fanning teve um temporada bastante regular, com vitórias em Bells Beach e em Trestles antes de chegar ao Havaí como favorito. Mesmo com a notícia da morte de seu irmão na última quarta-feira, ele competiu com brilho e foi avançando no Pipe Masters. Nesta quinta, ele chegou à semifinal, mas foi eliminado por Gabriel Medina na primeira semifinal e ficou dependendo da derrota de Mineirinho na outra para ser campeão.
Tudo parecia favorável ao australiano. A torcida pela sua vitória era muito grande, até porque ele superou um trauma enorme na etapa de Jeffreys Bay. Na final, contra Julian Wilson, ele foi atacado por um tubarão e a decisão acabou sendo cancelada. Bastante assustado, viu a morte de perto, mas aos poucos foi se recuperando. Só que no Havaí ele viu Mineirinho brilhar mais.
O brasileiro fez a sua parte e foi passando as baterias na base da raça e do talento. Na semifinal, viu o amigo Medina, já sem chances de conquistar o bi, eliminar Fanning com um belo aéreo nos últimos segundos da disputa. Então Mineirinho seria campeão se superasse o local Mason Ho na outra bateria.
"É um sentimento incrível ser campeão. No meio da corrida do título, achava que o Mick merecia mais do que eu. É um grande homem, três vezes campeão mundial, e estava lutando contra alguém que queria seu primeiro título", disse Mineirinho.
Pragmático
Com um surfe competitivo, sem brilho em um mar de poucas ondas, Mineirinho fez o suficiente para chegar à decisão e manter o título mundial no Brasil. No final, ele ainda dedicou a façanha ao amigo Ricardinho dos Santos, assassinado no início do ano por um policial em Santa Catarina. "Queria agradecer muito a Deus por esse momento e pelo Ricardo lá em cima. Eu também dedico esse troféu a ele. Eu fiz uma homenagem com uma tatuagem aqui no braço, ele estará comigo para sempre, vou carregar a alma dele comigo".
Na temporada, Mineirinho chegou ao Havaí com uma vitória em Margaret River, na Austrália, e outras duas finais, em Bells Beach e Trestles. Em Portugal, na penúltima etapa, ele ficou em 13º lugar e achou que não conseguiria mais o cobiçado troféu.
O surfista do Guarujá (SP) precisava terminar a última etapa do Circuito à frente do australiano Mick Fanning, que era líder, e não decepcionou FOTO: AGÊNCIA ESTADO
O título é mais um capítulo do bom momento do surfe no Brasil. Os últimos dois campeões são paulistas, o vencedor do WQS foi Caio Ibelli, e o País vem mostrando força em várias competições. Para se ter uma ideia, os três troféus mais cobiçados no Havaí ficaram com brasileiros: Mineirinho com o Mundial, Medina com a Tríplice Coroa Havaiana e Mineirinho com o Pipe Masters. "Ninguém acreditava que eu pudesse vencer nos tubos daqui, mas realizei meu sonho".
Itens relacionados:
Sports