por Renato Bezerra - Repórter
No quarto ano seguido de seca no Ceará, o Diário Oficial do Estado publicou, nesta quarta-feira (7) um Ato Declaratório reconhecendo Situação Crítica de Escassez Hídrica em todo o território estadual. A demanda é da Secretaria dos Recursos Hídricos do Estado (SRH).
O documento leva em consideração a situação atual dos reservatórios públicos, que hoje operam com apenas 15,4% da capacidade total, conforme monitoramento da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh). Também considera as análises técnicas da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), que sugerem grandes possibilidades de baixa pluviosidade durante a próxima estação chuvosa, dando seguimento ao quinto ano de dificuldades hídricas pela falta de precipitações.
O Ato Declaratório considera todos os contextos debatidos nas reuniões do Comitê da Seca, levando em conta a situação das populações mais afetadas e os relatórios de acompanhamento dos municípios atingidos pela estiagem. Por conta da situação, o Conselho de Recursos Hídricos do Ceará (Conerh) já havia restringido a emissão de outorgas para uso de água para agricultura irrigada e aquicultura.
O Governo já havia decretado Estado de Emergência em 139 dos 184 municípios cearenses. O novo decreto deve permanecer em vigor até o momento em que os níveis de armazenamento de água forem recompostos em patamares considerados tecnicamente seguros pela Secretaria de Recursos Hídricos.
O secretário de Recursos Hídricos do Estado, Francisco Teixeira, reforça que o ato foi publicado em função de uma realidade já vivida em todo o estado, menos em Fortaleza, para que a população esteja ciente do momento de carência hídrica. "Queremos que a população, sobretudo a da Capital, atente para um uso mais consciente da água. Hoje nós temos problemas para atender à demanda hídrica para os diversos usos da água, principalmente no Interior do Estado. As previsões preliminares é de mais um ano de seca, então, dificilmente haverá recarga dos nossos reservatórios", diz o gestor.
Dificuldades
De acordo com Francisco Teixeira, outras alternativas para captação de água estão em andamento, mas ainda encontram dificuldades. "Estamos procurando outras reservas, como água subterrânea, mas o Ceará é pobre nisso. Mas estamos construindo poços em mais de 40 cidades, nas áreas urbanas, o que as está salvando do colapso, mesmo não estando no conforto absoluto. Temos mais de 800 intervenções em todo o Estado e, a partir de novembro, vamos intensificar as ações na zona rural, com novas licitações para incrementar a construção de poços".
Considerando esta uma das secas mais severas, o secretário lembra que mesmo com os investimentos realizados nos últimos 30 anos, a situação denota uma necessidade de investir ainda mais no setor. "O passo que temos que dar é adensar ainda mais adutoras, para soltar o mínimo possível de águas dos rios nas secas, além de melhorar no uso consciente da água".
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