As chuvas do último trimestre não resultaram em aumento no nível dos reservatórios
Fortaleza. A dependência da chuva importa na manutenção da pecuária, na agricultura de sequeiro e, sobretudo, no abastecimento humano. Daí a importância que se dá para a açudagem como principal reserva hídrica, que tem relação literal de vida e morte com a quadra chuvosa. Por enquanto, o desempenho é pouco animador. A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) observou que as chuvas no trimestre janeiro, fevereiro e março ficaram na categoria abaixo da média. O valor da média climatológica para o período é de 255 milímetros e choveu no Estado somente 132,6 mm.
Com as chuvas caídas neste período, a Cogerh admite que as alterações são bastante tímidas até o momento. Verificou-se alguma melhoria de reserva mais expressiva em alguns açudes, como Pacoti, Facundo (Parambu), Tejuçuoca, Colinas (Quiterianópolis). Entretanto, a maioria dos reservatórios teve aporte hídrico que representa um ganho de apenas um ou dois meses em termos de prazo de reserva.
"É importante que as chuvas continuem para que tenhamos um aporte suficiente para evitar o desabastecimento de água no Estado", afirma o assessor da presidência da Cogerh Gianni Lima.
Afora os açudes que se encontram em estado hídrico precário, estão aqueles por construir, apesar de serem considerados como uma prioridade para o atendimento de demandas em cidades de médio porte (acima de 50 mil habitantes).
Atraso
O Açude Fronteiras, que está inserido no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a ser implantado pelo Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), compreende a construção de uma barragem, que atenderia principalmente a Crateús, o mais importante município das regiões Sertões de Crateús e Sertões dos Inhamuns.
Já no ano passado, a cidade entrou em colapso de abastecimento. Num arranjo conflituoso e imediatista, optou-se por retirar água do Açude Flor do Campo, em Novo Oriente, por meio de adutora de montagem rápida (AMR). Mas os baixos níveis do reservatório rapidamente se exauriram com a nova demanda da cidade vizinha.
Atualmente, Crateús vem sendo servida pelo Açude Araras, também em sistema de adutora. Mas a solução mais adequada ainda é a construção do Fronteiras, que chegou a ser licitado, sendo a vencedora a construtora Camargo Correia. A licitação foi cancelada e houve um nova, saindo vencedor o consórcio composto pelas empresas Galvão Engenharia e EIT Construções, o que aconteceu em 2013. De lá para cá, não houve nenhuma evolução para a realização dos serviços.
Descobriu-se, depois, que necessita de um aporte extra de investimento para atender às exigências da obra, que não foram vistas antes, como o desvio de uma ferrovia e de uma rodovia, que ficam no entorno da barragem. O diretor-geral do Dnocs, Walter Gomes de Sousa, desconhece intrigas políticas para atrasar uma obra tão crucial para a região. No entanto, vê que a urgência obriga um esforço governamental para se priorizar o equipamento. Ao todo, já estão disponíveis cerca de R$ 500 milhões, mas ainda é pouco, em vista das novas necessidades apresentadas nas chamadas obras complementares.
Marcus Peixoto
Repórter
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FONTE :DN
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