Foram apreendidos carros de luxo e um avião; gerentes e até superintendentes da Caixa são investigados
A Polícia Federal (PF) desarticulou ontem uma organização criminosa envolvida em fraudes milionárias junto à Caixa Econômica Federal (CEF) em Fortaleza. Conforme a PF, cerca de 31 pessoas, entre empresários e servidores da CEF, estariam envolvidas no esquema. Dessas, 17 foram presas na operação. A Polícia estima que entre R$ 20 milhões e R$ 100 milhões tenham sido desviados da instituição em um período de aproximadamente um ano e meio.
A Operação Fidúcia, deflagrada na manhã de ontem, cumpriu 56 mandados judiciais expedidos pela 32ª Vara da Justiça Federal. Cinco pessoas foram presas preventivamente, 12 foram detidas provisoriamente e 14 foram conduzidas para prestar esclarecimentos. Além disso, 25 mandados de busca e apreensão também foram cumpridos. A reportagem apurou que seis empresas são investigadas: BNC Engenharia de Construções LTDA; Bulgari Construções LTDA; Conde Construções LTDA; Impacto Construções LTDA; Rede de Construção Civil do Norte; e Hteck Tecnologia e Participações LTDA. O jornal obteve os nomes dos suspeitos que tiveram as prisões preventivas e temporárias decretadas pela Justiça Federal (ver lista no final da matéria).
Um dos mandados foi cumprido em uma mansão no bairro das Dunas, em Fortaleza. No local, nove carros de luxo foram apreendidos. Durante os trabalhos, os policiais recolheram veículos como uma Maserati, com valor estimado em torno de R$ 1,2 milhão; um Porsche, de aproximadamente R$ 600 mil; além de BMWs e Mercedes. Um avião de pequeno porte, avaliado em torno de R$ 350 mil, também foi apreendido. Duas contas bancárias, com mais de US$ 800 mil, também foram descobertas nos Estados Unidos, no nome de um dos investigados. Ao todo, foram retidos 14 veículos, R$ 192 mil, US$ 10 mil, joias, relógios e pássaros silvestres, dentre eles uma arara. Os bens apreendidos pela Polícia foram bloqueados pela Justiça Federal.
Conforme as investigações, os estelionatários abriram empresas fantasma de construção civil em nomes de terceiros, usados como ‘laranjas’. Em seguida, solicitavam à Caixa empréstimos e financiamentos bancários, com documentos falsos. O processo de concessão dos benefícios era manipulado pelo grupo, que aliciou servidores da própria Caixa, de acordo com a PF. Os funcionários da instituição bancária então concediam os pedidos. Segundo a PF, as empresas não executaram serviço nenhum, servindo apenas para obtenção dos empréstimos.
De acordo com o superintendente regional de Polícia Federal, Renato Casarini, as investigações iniciaram em março do ano passado. “As denúncias chegaram após auditoria interna da Caixa Econômica. Ficou constatado que havia fraudes na obtenção de financiamentos e empréstimos bancários, baseados em documentos falsos e empresas de fachada”, disse. O delegado regional de combate ao crime organizado, Wellington Santiago, explicou que havia pessoas de vários cargos dentro da própria instituição financeira facilitando os crimes. “A organização criminosa avançava contra o patrimônio da Caixa com atuação de servidores, entre gerentes e ex-gerentes, da própria CEF”.
A Operação Fidúcia, deflagrada na manhã de ontem, cumpriu 56 mandados judiciais expedidos pela 32ª Vara da Justiça Federal. Cinco pessoas foram presas preventivamente, 12 foram detidas provisoriamente e 14 foram conduzidas para prestar esclarecimentos. Além disso, 25 mandados de busca e apreensão também foram cumpridos. A reportagem apurou que seis empresas são investigadas: BNC Engenharia de Construções LTDA; Bulgari Construções LTDA; Conde Construções LTDA; Impacto Construções LTDA; Rede de Construção Civil do Norte; e Hteck Tecnologia e Participações LTDA. O jornal obteve os nomes dos suspeitos que tiveram as prisões preventivas e temporárias decretadas pela Justiça Federal (ver lista no final da matéria).
Um dos mandados foi cumprido em uma mansão no bairro das Dunas, em Fortaleza. No local, nove carros de luxo foram apreendidos. Durante os trabalhos, os policiais recolheram veículos como uma Maserati, com valor estimado em torno de R$ 1,2 milhão; um Porsche, de aproximadamente R$ 600 mil; além de BMWs e Mercedes. Um avião de pequeno porte, avaliado em torno de R$ 350 mil, também foi apreendido. Duas contas bancárias, com mais de US$ 800 mil, também foram descobertas nos Estados Unidos, no nome de um dos investigados. Ao todo, foram retidos 14 veículos, R$ 192 mil, US$ 10 mil, joias, relógios e pássaros silvestres, dentre eles uma arara. Os bens apreendidos pela Polícia foram bloqueados pela Justiça Federal.
Conforme as investigações, os estelionatários abriram empresas fantasma de construção civil em nomes de terceiros, usados como ‘laranjas’. Em seguida, solicitavam à Caixa empréstimos e financiamentos bancários, com documentos falsos. O processo de concessão dos benefícios era manipulado pelo grupo, que aliciou servidores da própria Caixa, de acordo com a PF. Os funcionários da instituição bancária então concediam os pedidos. Segundo a PF, as empresas não executaram serviço nenhum, servindo apenas para obtenção dos empréstimos.
De acordo com o superintendente regional de Polícia Federal, Renato Casarini, as investigações iniciaram em março do ano passado. “As denúncias chegaram após auditoria interna da Caixa Econômica. Ficou constatado que havia fraudes na obtenção de financiamentos e empréstimos bancários, baseados em documentos falsos e empresas de fachada”, disse. O delegado regional de combate ao crime organizado, Wellington Santiago, explicou que havia pessoas de vários cargos dentro da própria instituição financeira facilitando os crimes. “A organização criminosa avançava contra o patrimônio da Caixa com atuação de servidores, entre gerentes e ex-gerentes, da própria CEF”.
A reportagem apurou que há dois superintendentes da Caixa também sendo investigados. Funcionários lotados nas agências Aldeota, Náutico, Iracema e Dom Luiz, em Fortaleza, estariam envolvidos no esquema fraudulento, conforme as os levantamentos da Polícia .
O presidente do inquérito, delegado federal Gilson Mapurunga, apontou que as investigações continuam e que mais pessoas podem ser presas. “As empresas tinham o mesmo endereço e apresentavam documentos falsos. Apenas um suspeito do núcleo empresarial da quadrilha movimentou R$ 9 milhões em um ano e meio”, disse. Das 17 pessoas detidas, 15 foram presas em Fortaleza. Um dos mandados de prisão temporária foi cumprido no Rio Grande do Norte, e outro, de prisão preventiva, na cidade do Rio de Janeiro.
Defesa
O advogado Leandro Vasques, que representa a defesa de 11 dos suspeitos, afirmou que já atua para buscar libertar seus clientes. “Considerando as pessoas que estão presas temporariamente, na minha leitura, o depoimento já prestado esvazia a necessidade da custódia. Até porque vários documentos, computadores, já foram apreendidos. Os investigados colaboraram com a investigação no interrogatório, não se esquivaram a responder nenhuma indagação, razão pela qual eu vejo que não assiste necessidade mais para a manutenção da prisão. Ingressarei hoje (ontem) com os pedidos de revogação dessas prisões”.
O advogado também afirmou que ingressará com pedido de habeas corpus para os suspeitos detidos por prisão preventiva. “As medidas serão adotadas junto ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5 )”, ressaltou.
O presidente do inquérito, delegado federal Gilson Mapurunga, apontou que as investigações continuam e que mais pessoas podem ser presas. “As empresas tinham o mesmo endereço e apresentavam documentos falsos. Apenas um suspeito do núcleo empresarial da quadrilha movimentou R$ 9 milhões em um ano e meio”, disse. Das 17 pessoas detidas, 15 foram presas em Fortaleza. Um dos mandados de prisão temporária foi cumprido no Rio Grande do Norte, e outro, de prisão preventiva, na cidade do Rio de Janeiro.
Defesa
O advogado Leandro Vasques, que representa a defesa de 11 dos suspeitos, afirmou que já atua para buscar libertar seus clientes. “Considerando as pessoas que estão presas temporariamente, na minha leitura, o depoimento já prestado esvazia a necessidade da custódia. Até porque vários documentos, computadores, já foram apreendidos. Os investigados colaboraram com a investigação no interrogatório, não se esquivaram a responder nenhuma indagação, razão pela qual eu vejo que não assiste necessidade mais para a manutenção da prisão. Ingressarei hoje (ontem) com os pedidos de revogação dessas prisões”.
O advogado também afirmou que ingressará com pedido de habeas corpus para os suspeitos detidos por prisão preventiva. “As medidas serão adotadas junto ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5 )”, ressaltou.
Esquema
1) Os empresários investigados abriam empresas fantasma no ramo da construção civil, em nomes de terceiros, para obtenção de empréstimos e financiamentos fraudulentos na Caixa
2) Eles encaminhavam documentação falsificada para as agências da Caixa Econômica Federal. Servidores aliciados manipulavam o processo e concediam os valores às empresas
3) Bens eram dados como garantia de pagamento dos empréstimos à Caixa. Porém, tais objetos não existiriam, deixando o prejuízo milionário à instituição financeira
4) O dinheiro foi distribuído entre os envolvidos e lavado na compra de veículos de luxo, além de imóveis, inclusive, no exterior. Contas bancárias nos EUA também serviram para ocultar os valores
1) Os empresários investigados abriam empresas fantasma no ramo da construção civil, em nomes de terceiros, para obtenção de empréstimos e financiamentos fraudulentos na Caixa
2) Eles encaminhavam documentação falsificada para as agências da Caixa Econômica Federal. Servidores aliciados manipulavam o processo e concediam os valores às empresas
3) Bens eram dados como garantia de pagamento dos empréstimos à Caixa. Porém, tais objetos não existiriam, deixando o prejuízo milionário à instituição financeira
4) O dinheiro foi distribuído entre os envolvidos e lavado na compra de veículos de luxo, além de imóveis, inclusive, no exterior. Contas bancárias nos EUA também serviram para ocultar os valores
Suspeitos
Prisões preventivas
1- Ricardo Alves Carneiro: empresário apontado como um dos líderes do grupo, falsificou dois RGs e quatro CPFs;
2- Fernando Hélio Alves Carneiro: empresário, irmão de Ricardo, falsificou dois RGs e dois CPFs;
3- Diego Pinheiro Carneiro: empresário, irmão de Ricardo;
4- José Hybernon Cysne Neto: empresário e aliciador de ‘laranjas’;
5- Israel Batista Ribeiro Júnior: gerente de Pessoa Jurídica da Caixa
Prisões temporárias
6- Antonio Carlos Franci: superintendente da Caixa;
7- Odilon Pires Soares: superintendente nacional da Caixa para o Nordeste;
8- Ana Márcia Cavalcante Nunes: gerente geral de agência;
9- David Athilla Andrade Bandeira Barreto: gerente de PJ da Caixa;
10- Joacy Nogueira de Oliveira: gerente de atendimento de PJ da Caixa Econômica;
11- Jaime Dias Frota Filho: gerente geral de agência da Caixa;
12- Francisco Evandro Cavalcante Marinho: gerente geral de agência;
13- William Bezerra Segundo: empresário;
14- Egberto Bossardi Frota Carneiro: empresário;
15- Flávio Benevides Bomfim: empresário;
16- Geovane Silva Oliveira Filho: intermediador;
17- André Luís Bastos Praxedes: beneficiado com empréstimos
Prisões preventivas
1- Ricardo Alves Carneiro: empresário apontado como um dos líderes do grupo, falsificou dois RGs e quatro CPFs;
2- Fernando Hélio Alves Carneiro: empresário, irmão de Ricardo, falsificou dois RGs e dois CPFs;
3- Diego Pinheiro Carneiro: empresário, irmão de Ricardo;
4- José Hybernon Cysne Neto: empresário e aliciador de ‘laranjas’;
5- Israel Batista Ribeiro Júnior: gerente de Pessoa Jurídica da Caixa
Prisões temporárias
6- Antonio Carlos Franci: superintendente da Caixa;
7- Odilon Pires Soares: superintendente nacional da Caixa para o Nordeste;
8- Ana Márcia Cavalcante Nunes: gerente geral de agência;
9- David Athilla Andrade Bandeira Barreto: gerente de PJ da Caixa;
10- Joacy Nogueira de Oliveira: gerente de atendimento de PJ da Caixa Econômica;
11- Jaime Dias Frota Filho: gerente geral de agência da Caixa;
12- Francisco Evandro Cavalcante Marinho: gerente geral de agência;
13- William Bezerra Segundo: empresário;
14- Egberto Bossardi Frota Carneiro: empresário;
15- Flávio Benevides Bomfim: empresário;
16- Geovane Silva Oliveira Filho: intermediador;
17- André Luís Bastos Praxedes: beneficiado com empréstimos
Levi de Freitas
Repórter
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