Remédios devem subir acima da inflação

Fonte DN/  por Carol Kossling - Repórter


Para reduzir o impacto no orçamento, o consumidor pode optar por remédios genéricos ou aderir a programas de fidelização de laboratórios ( FOTO: KID JÚNIOR )



Os medicamentos devem ter aumento acima da inflação, pela primeira vez, em dez anos. O setor aguarda do governo federal que o reajuste anual fique no patamar de 12,5%. Se isso for confirmado hoje, após publicação no Diário Oficial da União, terá forte impacto no dia a dia da população e no ramo da indústria farmacêutica. Os novos preços devem começar a valer a partir de hoje em todo o País.
Para o diretor tesoureiro do Sindicato do Comércio Varejista dos Produtos Farmacêuticos do Estado do Ceará (Sincofarma), Maurício Filizola, com o aumento elevado, todos saem perdendo. "Perde o distribuidor, a farmácia e o cliente", afirma. O diretor lembra que no ano passado a elevação foi de cerca de 6%. "A variação cambial e alta inflação (brasileira) estão entre os fatores que influenciam para o aumento maior este ano", analisa.
Após o aumento ser publicado no DOU, as farmácias poderão aumentar os valores dos remédios de imediato, mas fica a critério de cada estabelecimento fazer a sua programação nos preços. Diferente dos outros anos, Filizola informa que neste, a indústria também vai absorver de imediato a elevação. "O que observamos neste momento é que a indústria farmacêutica segurou medicamentos para os distribuidores. E as farmácias estão com dificuldade de encontrar os remédios", considera.
Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan), Geraldo Monteiro, já é de praxe o aumento ocorrer, desde 2001, no último dia de março e destaca que é bom lembrar que quem o define é a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), ligada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ao Ministério da Saúde e não ao setor. "A própria inflação é quem eleva os valores. A distribuidora não faz preço. Apenas compra (os medicamentos) e revende", explica.
Alternativas
Monteiro ressalta que o que pode acontecer é o consumidor não sentir de imediato este reajuste elevado, pois como as farmácias fazem compras diárias, elas podem fazer promoções. "Para os clientes o que resta é pesquisar, pesquisar e pesquisar. Uma outra possibilidade é aderir a compra de genéricos e similares", sugeri.
Filizola confirma que para estimular as vendas e movimentar o varejo farmacêutico os estabelecimentos fazem promoções constantes. "Quando as farmácias recebem descontos nas compras dos medicamentos, isso é repassado. E o consumidor é beneficiado", diz.
Para reduzir o impacto da alta, o consumidor pode aderir aos programas de fidelização que vários laboratórios possuem, por meio dos quais é possível obter descontos de até 50% em alguns medicamentos de uso contínuo, por exemplo. É importante lembrar que muitos medicamentos têm subsídio do governo. O anúncio "Aqui Tem Farmácia Popular" em algumas redes indica que, no local, é possível comprar 112 tipos de remédios com até 90% de desconto.
Opinião
Impacto maior para os idosos e aposentados
Entre as classes que sempre sofrem com os aumentos dos medicamentos, estão os idosos e os aposentados. O "baque" é grande e afeta muito. A inflação atual já vem dificultando e os ganhos estão defasados, apesar do reajuste ter sido um pouco melhor. De forma geral, os medicamentos de uso contínuo estão entre as prioridades dos idosos e dos aposentados e, atualmente, eles são os vilões das contas. Vai ser difícil para o bolso, mesmo tendo algumas opções disponíveis nas Farmácias Populares, o que torna o gasto um pouco menor no final das contas. Infelizmente, não dá para mensurar o impacto no todo, pois a faixa de recebimento é diferente, mas ratifico que em todos os casos comprometem, pois qualquer diferença de aumento no orçamento causa impacto no bolso dos aposentados.
Mônica Maria da Silva, Presidente Unapeb