A ROTINA DO HOMEM DO CAMPO NO VALE JAGUARIBANO



A vida de um agricultor não é fácil, para quem não conhece o trabalho de um homem do campo eu vou dizer aqui mais ou menos como é um dia comum de quem mora lá na roça. Vamos começar pelo amanhecer do dia: 4 horas da manhã o galo da casa e o dos vizinhos acordam o agricultor. Quando ele levanta sai fora, dá uma urinada no terreiro e olha o dia clareando, depois disso ele entra em casa veste uma roupa já suja do outro dia e sai para o curral para tirar o leite das vacas.

Quando ele volta do curral sua esposa já preparou o café, ele toma e em seguida vai deixar as vacas no cercado para pastarem, retorna para casa de novo desta vez para começar sua segunda tarefa. Primeiro ele amola a inchada de limpar mato: em um pedaço de ferro ele apóia a inchada e bate na folha dela com um martelo, rebatendo a parte que corta o mato até ficar bem amolada.

Pede para a mulher preparar um lanche, enche uma cabaça com água para beber e vai para o roçado, como eles chamam. Geralmente quando ele chega ao roçado em torno das 6 horas da manhã, procura a sombra de uma planta grande e guarda a cabaça e o lanche, daí começa a cortar o mato que está cobrindo as plantinhas que ele plantou.

Às 9 horas ele pára, vai até a sombra comer seu lanche que pode ser rapadura com biscoitos, café com cuscuz, batata doce, paçoca de carne seca com farinha ou outra coisa qualquer, depois de comer ele toma um cafezinho, quem fuma, faz um cigarro de fumo e volta a trabalhar até 11 horas, que é a hora de ir almoçar, pegar o feijão como se diz. aqui na roça ele vem pelo cercado que o gado está pastando e leva eles para beber água, depois de dar de beber ele os leva de novo para o cercado, depois é que ele vai para casa almoçar.

Quando chega muito cansado do sol forte tira a camisa molhada de suor e pendura em um armador de rede, lava as mãos e já vai comer, pois sua mulher já colocou na mesa. Depois do almoço, outro cafezinho feito na hora, mais um cigarro de fumo e uma cochilada no chão do alpendre da casa.

Às 13 horas ele volta para a roça com outra cabaça de água e uma rapadura e só volta, com o gado, às 17 horas. Dá água para o gado de novo e o leva para o curral, “chiqueira” os bezerros das vacas, ou seja, separa eles das mães para que eles não bebam o leite durante a noite, senão de manhãzinha não vai ter leite para os meninos. Vai para casa toma um banho de balde, porque chuveiro, não tem.

Depois do banho vem a janta, na mesa tem coalhada com cuscuz ou mungunzá, arroz de leite com ovos fritos, jerimum, batata doce e outras coisas. Já é noite, o sertanejo vai para a calçada, sempre recebe um vizinho para conversar, o assunto é sempre o inverno, o gado, o pasto, o relâmpago, a chuva, o cavalo, o cachorro, o galinha, o porco e outras coisas que existem no seu sítio.

20 horas já é hora de ir dormir para acordar cedo no outro dia. É desta forma que vive o Homem do campo,aqui no vale jaguaribano, simples vivendo com o pouco, é feliz, não troca a vida dele pela vida de quem mora na selva de pedra, todo o esforço é compensado pela paz, sossego e tranqüilidade. Sonha com o pouco, este pouco, já é o suficiente para viver feliz.